PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Poucas horas depois da cerimônia de abertura, a Paralimpíadas já mergulha na competição, nesta quinta (29), na Arena La Défense, com o início das provas de natação às 9h30 (4h30, horário de Brasília) na noite parisiense, no mesmo dia, já vale medalha.
Por isso, vários astros da natação preferiram ficar ausentes do evento na Place de La Concorde, para evitar qualquer tipo de desgaste na preparação. Gabriel Araújo, não.
Dono de dois ouros e uma prata em Tóquio-2020 na categoria S2 (deficiência física severa), o mineiro de 22 anos fazia questão de participar da abertura. “Independentemente se eu nadaria no outro dia ou não, já vim preparado para tudo”, disse em entrevista coletiva na terça (27).
Para Gabrielzinho, como é conhecido, a festa do primeiro dia serviria como um momento de tranquilidade, “para tirar um pouco da ansiedade”. O nadador nasceu com focomelia, doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas.
“Meu momento de dor, de sofrimento, a parte mais difícil mesmo é no treinamento. Quando eu chego na competição, quero mesmo me divertir, porque eu amo nadar, me conecto muito dentro da piscina e sei bem o que eu estou fazendo”, afirma.
Com possibilidades reais de ganhar o primeiro ouro para a delegação brasileira em Paris, Gabrielzinho começa a Paralimpíada justamente na prova em que o primeiro lugar escapou em Tóquio, os 100 m costas, vencida pelo chileno Alberto Abarza.
“Quero fazer a prata de Tóquio virar ouro, e manter os outros dois [50 m livre e 200 m livre]”, avisou o brasileiro. “Mas a prioridade é nadar bem porque a medalha é a consequência de todo o trabalho que foi feito durante esse ciclo”, completa. A classificatória dos 100 m costas está previamente marcada para as 10h06 (5h06, horário de Brasília), e o brasileiro nada justamente ao lado do rival sul-americano Abarza neste primeiro duelo antes da final, à noite.
Em Tóquio, além das medalhas, o brasileiro ficou conhecido pelo estilo irreverente no pódio, com sorriso largo e uma dancinha a cada medalha conquistada. “É o momento mais feliz do atleta, de subir no pódio, principalmente no topo, e é para isso que eu trabalho. Acredito que [dançar] é a melhor maneira de representar tanto o Gabrielzinho quanto o povo brasileiro, que é tão animado e gosta sempre de estar dançando.”
Dentro da água, porém, o paratleta mostra uma faceta bem mais competitiva. “Sou o cara a ser batido e eu sei o quanto eu busquei estar no primeiro lugar, sei a intensidade que os outros adversários estão buscando para estar no meu lugar e isso me motiva.”
O nadador afirma estar preparado para todos os cenários depois de uma estreia paralímpica sem pressão e praticamente sem torcida em Tóquio. “Gosto da adrenalina, independentemente se a torcida estiver contra ou a favor. Acredito que contra até me dá uma motivada a mais”, conta.
Fã de futebol, o torcedor do Cruzeiro só vai ter que dar um tempo no acompanhamento do time. “É, isso aí é um problema, mas a gente deixa para depois, vou ter muito tempo para acompanhar o Cruzeiro, e de perto.”
ONDE ASSISTIR AS PARALIMPÍADAS DE PARIS-2024
Não haverá transmissão em TV aberta no Brasil. Sportv 2 (TV fechada), Globoplay (streaming) e o canal do Comitê Paralímpico Internacional no Youtube são opções para assistir as competições.
SANDRO MACEDO / Folhapress