Racismo em pedido de pastelaria foi forjado por dono do local, diz polícia

SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou nesta sexta-feira (17), por falsa comunicação de crime, o dono de uma pastelaria na cidade de Campo Bom por forjar um caso de racismo contra o si próprio.

Gabriel Fernandes da Cunha, dono e entregador da pastelaria, criou uma conta falsa no aplicativo e realizou um pedido na própria loja. O caso foi confirmado ao UOL pelo delegado Rodrigo Camara.

No campo de observações, Gabriel teria pedido “por gentileza” que fosse enviado um “motoboy branco” para levar o alimento.

Antes do indiciamento, ao falar sobre a denúncia ao UOL, Daniela Oliveira, mulher de Gabriel, afirmou que o “ataque” foi dirigido ao seu marido. A pastelaria do casal é uma franquia do restaurante Hora do Pastel.

O dono do estabelecimento confessou à Polícia Civil, em novo depoimento, que foi o autor do pedido, com a observação racista. Ele confessou após ser confrontado sobre os dados obtidos pela investigação da corporação e ainda disse que gostaria de se retratar.

O homem chegou a registrar um boletim de ocorrência e divulgou prints nas redes sociais. Não foi divulgado se ele foi detido.

O UOL tenta contato com Gabriel e Daniela após o indiciamento. A matéria será atualizada tão logo haja manifestação.

ENTENDA O CASO

O caso foi divulgado por Gabriel e Daniela como ocorrido na noite da última terça-feira (14). A loja fica em Campo Bom e 90% de seus pedidos são por delivery.

“Última vez veio um motoboy negro, peço a gentileza que mande um branco, não gosto de pessoas assim encostando na minha comida”, escreveu a suposta cliente no campo das observações do aplicativo.

Ao UOL, Daniela chegou a dizer que estava “cozinha quando saiu aquela nota, eu li e na hora não entendi muito bem”.

A mulher ainda disse que respondeu a “cliente” pela plataforma e entrou em contato com o aplicativo, que forneceu orientações iniciais sobre a denúncia.

INVESTIGAÇÕES

O síndico do condomínio informado pela “cliente” disse que o número do apartamento não existe e que não há nenhuma moradora com o nome que constava na plataforma, segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.

A polícia investigou o caso para descobrir a verdadeira autoria do crime. “Se a intenção foi ofender alguém especificamente, responderá pelo crime de injúria racial. Se foi para discriminar um grupo de pessoas em razão da cor da pele, então deve responder por um dos tipos penais de racismo”, explicou o delegado Rodrigo Camara, que garantiu tratar o caso como prioridade.

A rede da pastelaria chegou a prestar solidariedade à franquia gaúcha. ”Tamanha agressão não passará impune”, escreveu.

PASTELARIA SE MANIFESTA

Em nota, a rede de pastelaria Hora do Pastel informou que tomará “todas as atitudes punitivas necessárias a qualquer infração ética ou transgressão das boas normas contratuais” caso seja confirmada qualquer prática criminosa do franqueado.

A rede ainda afirmou que jamais compactuou com qualquer desvio de conduta dos franqueados, “em especial, com assunto tão sério que sensibiliza a toda a sociedade”.

Por fim, a rede comunicou que irá acompanhar o encaminhamento judicial do caso e, em caso de confirmação do inquérito policial, tomará medidas judiciais contra o franqueado. A empresa não informou quais medidas tomaria.

Durante a repercussão do caso, a rede da pastelaria chegou a prestar solidariedade à franquia gaúcha. ”Tamanha agressão não passará impune”, escreveu.

BEATRIZ GOMES E LUANA TAKARASHI / Folhapress

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