RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) votou nesta quarta-feira (10) pela soltura de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito no caso Marielle Franco (PSOL), e diluiu o impacto eleitoral sofrido pelo prefeito Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), após a prisão.
Os dois são os principais pré-candidatos à prefeitura neste ano. Paes foi alvo de críticas por ter nomeado Chiquinho como secretário municipal quando já havia suspeitas sobre o envolvimento de Domingos Brazão, irmão e líder político do clã, no assassinato da vereadora.
Nesta quarta, aliados de Paes votaram pela manutenção da prisão do deputado. Ramagem seguiu a orientação do PL e optou pela soltura do deputado, mas não justificou a escolha publicamente.
O deputado Tarcísio Motta (PSOL), amigo de Marielle e também pré-candidato à prefeitura, votou a favor da decisão do STF.
“A manutenção da prisão é para garantir que a investigação siga sem influência. Garantir, não, mas ao menos diminuir. Porque as milícias seguem nos aparelhos de Estado. Seguem no poder, segue fazendo lobby aqui nessa Câmara”, disse ele.
Chiquinho foi preso no mês passado junto com Domingos, ambos suspeitos de encomendarem a morte da vereadora. O delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil à época do crime, foi detido sob suspeita de ter ajudado a planejar o crime e dificultar sua elucidação.
O plenário da Câmara teve 277 votos favoráveis à manutenção da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) pela prisão de Chiquinho, 20 a mais do que o necessário.
Na bancada do Rio de Janeiro, base eleitoral da família Brazão, a minoria votou pela manutenção da prisão (18 de 45 deputados). A maior parte votou pela soltura, se absteve ou não registrou voto, o que, na prática, beneficiava o deputado.
Ramagem votou pela soltura do deputado tanto na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), onde é suplente, como no plenário. O pré-candidato do PL à prefeitura carioca não justificou a decisão. Ele seguiu a orientação do PL contrário à decisão de Moraes.
“O Brasil todo espera Justiça. Mas nessa noite, não estamos tratando disso, mas da legalidade da prisão do deputado Chiquinho Brazão. Nós juramos a Constituição quando assumimos o mandato. Essa prisão é ilegal e fere a Constituição brasileira”, disse o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes.
Potencial vice na chapa de Paes, o deputado Pedro Paulo (PSD) votou pela manutenção da prisão, assim como Marcelo Calero e Laura Carneiro, também ligados ao prefeito.
O deputado Marcelo Queiroz (PP), que tenta viabilizar a candidatura, também votou pela manutenção da prisão. Já o deputado Otoni de Paula, pré-candidato pelo MDB, votou contra a decisão de Moraes, com argumento semelhante ao apresentado pelo PL.
Um dos votos que chamou a atenção na bancada fluminense foi da deputada Daniela Waguinho (União Brasil), ex-ministra do governo Lula. Apesar da orientação do Planalto de votar pela manutenção da prisão, optou pela soltura de Brazão.
A deputada foi ministra do governo Lula e foi mantida no cargo após a Folha de S.Paulo revelar as ligações de seu grupo político com milicianos da Baixada Fluminense.
ITALO NOGUEIRA / Folhapress