SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Raphael Veiga sentiu demais a eliminação do Palmeiras para o Boca Juniors (ARG) na semifinal da Libertadores. O meia perdeu confiança e motivou o técnico Abel Ferreira a repaginar seu futebol.
Abel entendeu que uma forma de Veiga retomar seus melhores momentos era ser mais decisivo, com gols e assistências. “É bom para ele e equipe que volte a fazer gols para se animar. Está um bocadinho de cara fechada, sim, e espero que acima de tudo continue fazendo o que tão bem faz que é ajudar o Palmeiras”, disse o técnico.
O treinador, então, adaptou a função do meia de origem. Armador da equipe, Raphael Veiga muitas vezes vinha buscar a bola atrás e ficava longe da área. Nas últimas partidas, a ordem foi outra: ser a referência do ataque. “Colocamos ele mais à frente, ele pode ser um 8 para ligar o jogo, mas pela qualidade também pode servir os dois da frente e fazer gols”, explicou Abel.
Ao lado de Breno Lopes e Endrick, atacantes de origem, Veiga saiu da briga desenfreada por espaço no meio-campo. Foi beneficiado principalmente pela movimentação de Breno Lopes. “O Veiga aproveitou os espaços do Breno entrelinhas e aberto, quando o Breno centraliza”.
Nessa função de “falso centroavante”, com liberdade para se mover também pelas pontas e responsabilidade de pisar na área o tempo todo, Raphael Veiga decidiu para o Palmeiras na vitória por 1 a 0 sobre o Bahia, neste sábado (28), no Allianz Parque, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro -ele já tinha sido importante contra o Coritiba, na 28ª rodada, com uma assistência para o gol de Gustavo Gómez.
O gol decisivo exemplifica a mudança de Abel Ferreira. Endrick, fora da área, parte com a bola e é derrubado. Veiga, como um centroavante dentro da área, desloca o goleiro Marcos Felipe e dá os três pontos ao Palmeiras.
“Muito importante pela confiança. Andou triste. Os torcedores às vezes não têm noção que são agressivos. Ele falhou, eu falhei, todos falhamos. Deu muito ao clube nesses três anos que estou aqui e há críticas que nos deixam magoados. Ele sentiu (…). Colocamos ele mais à frente, ele pode ser um 8 para ligar o jogo, mas pela qualidade também pode servir os dois da frente e fazer gols. É bom para ele e equipe que volte a fazer gols para se animar. Está um bocadinho de cara fechada, sim, e espero que acima de tudo continue fazendo o que tão bem faz que é ajudar o Palmeiras”, declarou Abel Ferreira após o jogo deste sábado.
OUTRAS MUDANÇAS
Abel ficou muito insatisfeito com a derrota do Palmeiras por 2 a 0 para o Atlético-MG, em pleno Allianz Parque, e resolveu mexer no esquema tático. A principal iniciativa foi colocar Luan no time, volta ao esquema de três zagueiros, mas usando uma dupla de ataque e adiantando Veiga. Desde então, o Verdão venceu Coritiba, São Paulo e Bahia, com oito gols feitos e nenhum sofrido.
Abel Ferreira defendeu que o esquema com três zagueiros pode ser ofensivo e lembrou do título mundial da seleção brasileira em 2002 e do Chelsea que derrotou o Manchester City na Liga dos Campeões.
Cheio de referências na entrevista pós-vitória contra o Bahia, o português também se recordou do “futebol total” do Ajax de Rinus Michels, onde nas décadas de 60 e 70, os jogadores foram estimulados a atacar e defender em bloco, com todos participando das fases do jogo.
A intenção de Abel foi defender a mudança de esquema e explicar que, mais importante do que a escalação, é ter um time disciplinado taticamente e que preencha os espaços quando determinado jogador estiver desempenhando outra função.
“Temos tido nesses últimos jogos uma disciplina tática, mas com liberdade para sair das posições e fazer as posições dos outros. Falaram na época da Holanda sobre o futebol total. Podemos trocar as posições, mas temos que cumprir as funções. Fizemos bom jogo, mas a diferença foi eficácia. Se levássemos um gol no fim, falaríamos que o jogo foi porcaria e o Bahia se defendeu bem. Fizemos jogo semelhante ao São Paulo e não podemos desperdiçar tantas chances. O volume que o Palmeiras cria, somos um dos melhores ataques, mas criamos para fazer mais.”
TÍTULO
Com três vitórias consecutivas, o Palmeiras foi ao segundo lugar, com 53 pontos, a seis do Botafogo, que enfrentará o Cuiabá no Nilton Santos neste domingo.
Abel Ferreira disse que a ideia é pensar jogo a jogo. A próxima partida será justamente contra o Botafogo, em um confronto direto na quarta-feira.
Mais forte após o baque da Libertadores, o Verdão espera aumentar as chances de título nas oito rodadas restantes.
LUCAS MUSETTI PERAZOLLI / Folhapress