SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Sérgio Nobre, defendeu, nesta segunda-feira (15), reajuste para os servidores federais neste ano -a despeito do que quer o Ministério da Fazenda.
Nobre disse que ficar sem aumento salarial seria apenas em caso de sair derrotado das negociações, que podem culminar em greve no país. “Reajuste zero, só derrotado”, afirmou ele, em evento das centrais sindicais sobre a celebração do 1º de Maio.
“O próprio presidente Lula nos ensinou que reajuste zero, só derrotado. Então eu espero que o ministro Fernando Haddad [Fazenda] encontre um espaço dentro do orçamento para atender a reivindicação dos trabalhadores”, disse Nobre.
“Mesa de negociação nem sempre chega a acordo, mas é muito importante acontecer. E ela está acontecendo”, afirmou ainda.
A categoria ameaça paralisação nos próximos dias, caso não haja uma proposta do governo federal que contemple as demandas. Nesta segunda, professores de universidades, centros de educação tecnológicas e institutos federais das cinco regiões do Brasil iniciaram paralisação por aumento de 22%.
A ministra Esther Dweck, da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, afirmou, na semana passada, que há intenção de dar aumento acima de 19% nos quatro anos de governo Lula, mas que a negociação inicial envolvia não haver reajuste salarial neste ano.
Em 2023, foram concedidos 9% de aumento e haveria mais dois aumentos de 4,5% em 2025 e 2026. Apenas em 2024 não seria concedido reajuste, com elevações de valores apenas nos benefícios, o que foi negado pela categoria.
“O que a gente tinha pactuado inicialmente dentro do governo é que, além dos 9%, a gente garantiria mais 9%, garantindo para todo o mundo, no mínimo, 18%. Na verdade, 19%, porque como você acumula um aumento em cima do outro, o aumento seria 19,03%”, disse em entrevista à EBC.
Nobre afirmou que os servidores ficaram sete anos sem “diálogo” e classificou de avanço o reajuste de 9% dado no ano passado.
“Na verdade, os servidores públicos ficaram praticamente sete anos sem diálogo nenhum, sem reajuste nenhum, acumularam demandas que não só salarial. É importante ressaltar que há reivindicações de carreiras, de remunerações de carreiras”, disse.
“É natural que os trabalhadores tenham as suas pautas, e também houve um desmonte dos serviços públicos nestes sete anos. Por exemplo, o Ministério do Trabalho foi extinto.”
O apoio ao funcionalismo público faz parte das bandeiras das centrais sindicais para o 1º de Maio deste ano. “Se não houver proposta nenhuma, o sindicato foi feito para lutar e as centrais vão dar todo o apoio à luta dos servidores públicos”, disse.
No palanque, os sindicalistas devem defender bandeiras como emprego decente, correção da tabela do Imposto de Renda, juros mais baixos, aposentadoria digna, salário igual para trabalho igual e valorização do serviço público em uma celebração cujo slogan será “Por um Brasil mais justo”.
CRISTIANE GERCINA / Folhapress