PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Nenhum brasileiro tem mais medalhas olímpicas do que Rebeca Andrade. São cinco. A mais recente delas foi obtida na tarde francesa de sábado (3), na Arena Bercy, onde ela ficou com a prata na prova do salto da ginástica artística dos Jogos de Paris, atrás somente da craque norte-americana Simone Biles.
A guarulhense teve ótimo desempenho no aparelho que é a sua especialidade. Com 15.100 na primeira tentativa e 14.833 na segunda, registrou média de 14.966, suficiente para o segundo lugar do pódio na capital francesa. Biles triunfou com 15.300, e a também norte-americana Jade Carey recebeu o bronze, com 14.466.
Rebeca agora tem o mesmo número de medalhas conquistadas por Robert Scheidt e Torben Grael, da vela. Ela ainda terá a chance de ampliar sua coleção e se isolar na liderança brasileira ainda em Paris, na segunda-feira (5), quando se apresentará nas decisões de outros dois aparelhos, na trave e no solo.
“Eu se sinto muito honrada por mais uma conquista, por estar nessa lista de medalhistas incríveis. É realmente muito difícil. Acho que nunca imaginei ganhar tantas medalhas em uma Olimpíada. Eu sonhava com medalha, coloquei como objetivo ser medalhista, mas não imaginava tantas medalhas”, afirmou.
A ginasta havia subido ao pódio duas vezes nos Jogos Olímpicos de Tóquio, realizados em 2021, com um ano de atraso por causa da pandemia de Covid-19. Foi ouro no solo e prata na disputa individual geral sem a concorrência de Simone Biles, que desistiu dessas finais por questões de saúde mental.
Na França, a brasileira tem duelado com o maior nome da história da ginástica, que retornou em alto nível e triunfou na competição por equipes e na individual geral. Andrade foi respectivamente bronze e prata nesses torneios. No salto, ficou novamente atrás da lendária atleta dos Estados Unidos.
“A Simone é de outro mundo, né? A gente sempre busca evoluir da melhor maneira, e ver a ginástica incrível dela incentiva a todos, é uma inspiração”, afirmou a guarulhense, ciente de que também é espelho para muitos no Brasil. “Inspirar pessoas do meu país é muito bom, é algo que vou carregar para sempre.”
Biles havia afirmado, ao término da final individual geral, na última quinta-feira (1º), em tom reverente, que estava “cansada” de enfrentar Rebeca. Segundo a norte-americana agora dona de dez medalhas olímpicas, sete delas de ouro, a guarulhense exigiu dela mais do que qualquer outra ao longo de sua carreira.
Na final do salto, elevou novamente seu nível para assegurar o topo do pódio. Seu primeiro movimento teve a altíssima nota de dificuldade 6.400, com 9.400 de execução e um total de 15.700, com desconto de 0.1 por ter pisado fora do limite. No segundo, partiu de 5.600 e teve 9.300 de execução, com um total de 14.900. Na média, ficou com 15.300.
Era muito dura a tarefa de Rebeca, fez o que estava ao alcance e teve excelentes apresentações. Começou com um “cheng” de dificuldade 5.600, com execução 9.500 e total 15.100. Finalizou com um “amanar” de dificuldade 5.400, com execução 9.433 e total de 14.833. Na média, 14.966, abaixo apenas da maior de todos os tempos.
A brasileira preferiu não arriscar um “yurchenko” com tripla pirueta, que é inédito em competições e ganharia seu sobrenome em caso de realização. Ela explicou que “não estava 100% confiante” na execução do movimento e preferiu, em decisão tomada com o técnico Francisco Porath, cravar saltos que já domina.
As notas de execução de Andrade foram maiores do que as de Biles, porém a dificuldade era maior para a norte-americana, sobretudo em seu primeiro salto. Ela “é de outro mundo”, como observou Rebeca, satisfeita com o posto de segunda melhor ginasta do mundo e maior medalhista olímpica da história do Brasil.
MARCOS GUEDES / Folhapress