SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Maior medalhista olímpica da história do Brasil, a ginasta Rebeca Andrade abordou o “lado B” de sua rotina e falou, por exemplo, sobre dores (e remédios) durante os Jogos. Ela participou do “Bola da Vez”, programa da ESPN exibido neste sábado (31).
“Às vezes, você sente tanta dor que o corpo chega a ficar latejando. Meu joelho nem tem reclamado tanto, são mais outros pontos. As costas, o ombro, tendão? Às vezes, acordo de manhã e já levanto da cama mancando, não consigo descer a escada, não consigo subir na meia ponta, coisas básicas.”
Remédios “forçados”. Aí você não quer tomar remédio para dor porque isso só mascara os problemas que você tem… A gente faz muito tratamento e muita fisioterapia para o corpo aguentar.”
Choro de alívio pós-prova do solo. “Não foi porque ganhei a medalha. Eu estava chorando porque eu estava viva, só queria sair da competição inteira e sem nenhuma lesão. Eu estava bem de cabeça e fisicamente, mas as dores estavam ali, que foram controladas com medicação.”
Como conciliar dores e futuro? “Eu amo ginástica, eu amo esse esporte e tenho ainda muita vontade de continuar vivendo e ter as sensações que eu tenho dentro do esporte. Eu sinto que ainda aguento. Lógico, eu disse que não vou mais fazer solo porque olhando pra dentro, tem muitas dores, é um aparelho que demanda muito da minha energia, exige muito dos membros inferiores […] Se me perguntar hoje, eu não quero fazer mais, nunca mais. Não quero mesmo. Mas o futuro a Deus pertence.”
SACRIFÍCIOS POR MEDALHA
Rebeca passou por três cirurgias no mesmo joelho e realizou outros procedimentos para se recuperar. Ela operou o LCA (ligamento cruzado anterior) do joelho direito pela primeira vez quando ainda era adolescente. Além disso, realizou limpezas para retirar fibrose e recuperar a plenitude dos movimentos.
O sacrifício deu resultado: só em Paris, foram quatro medalhas -um ouro, duas pratas e um bronze. O desempenho fez com que ela se tornasse a maior medalhista olímpica do país.
Redação / Folhapress