Reconstrução de cidades destruídas pelas chuvas no RS poderá mudar zonas urbanas

PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – O plano de reconstrução do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, poderá mudar consideravelmente o mapa dos municípios afetados pela enxurrada da última semana.

A partir de um censo de residências destruídas, o governo gaúcho promete liberação de recursos para a reconstrução, mas não necessariamente na mesma localidade. Ao longo dos próximos meses, o Plano Diretor dessas cidades poderá ser modificado para prevenir novas tragédias.

Cidades que foram varridas pela enxurrada mesmo em suas áreas centrais como Roca Sales e Muçum, poderão ter uma geografia praticamente nova ao final da reconstrução.

O último balanço da Defesa Civil gaúcha soma 46 mortos, 924 feridos e 46 desaparecidos, além de 4.794 desabrigados (pessoas que estão sem ter onde morar), 20.498 desalojados (pessoas que tiveram de sair de suas casas, mas estão hospedadas em outros locais). Foram 96 municípios afetados.

Bombeiros de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná trabalham nas buscas no rio Taquari.

Conforme o vice-governador Gabriel Souza (MDB), escalado para coordenar o trabalho do Centro Regional de Ação de Recuperação, montado no município de Encantado (RS), a primeira etapa do trabalho passa por reestabelecer comunicação e serviços públicos na região, bem como concluir a limpeza das cidades, que conta com o auxílio de voluntários e de apenados do sistema prisional.

Nesta terça (12), será reaberta a primeira escola pública da região, a Escola Estadual de Colinas.

“Isso traz um efeito psicológico importante para as pessoas. A partir desse ponto, começamos efetivamente a trabalhar na reconstrução das casas, que não é um processo simples e precisamos da menor burocracia possível”, diz Souza.

O Ministério das Cidades já liberou a construção de 1.500 residências pela faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida, mas se tratam de residências populares. Também para famílias de baixa renda, o Governo do RS também liberará recursos por meio do programa Volta por Cima, que financia R$ 2500 para a compra de móveis, eletrodomésticos e pequenos reparos.

Para imóveis de classe média destruídos, a gestão Eduardo Leite (PSDB) planeja realizar um censo sobretudo nos municípios mais atingidos –Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Muçum, Roca Sales e Santa Tereza– e cogita construir residências temporárias até que outras formas de financiamento sejam liberadas para que as famílias construam novos lares definitivos.

Para isso, além da liberação do FGTS para quem tiver saldo nas contas, poderá haver outra linha do Minha Casa Minha Vida, o que ainda está sendo negociado. Nesta terça (12), com o auxílio de técnicos da Univates (Universidade do Vale do Taquari), começarão a ser feitos os laudos de engenharia para contabilizar os danos e habilitar as prefeituras a receber recursos federais.

Inicialmente, dos R$ 741 milhões anunciados pelo governo federal, R$ 180 milhões via Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional poderão ser utilizados para desmontagem de edificações, desobstrução de vias, remoção de escombros, religação de energia, obras em rodovias, em pontes, em prédios públicos, e para reconstrução de residências destruídas e reurbanização de áreas de risco.

A violência demonstrada pelo rio Taquari, todavia, fará com que o estado participe do debate que deve modificar os planos diretores da região. O tema estará em pauta em uma reunião nesta terça entre Souza e o secretário da Habitação, Fabricio Peruchin.

“Não sabemos ainda quantas, mas é fato que muitas residências que foram destruídas não poderão ser construídas no mesmo local. Regiões urbanas por anos, por décadas, passam a ser encaradas agora como áreas de risco”, diz Souza.

O Taquari atingiu a sua segunda maior marca na história, com quase 30 metros em Lajeado –a maior dos últimos 80 anos.

O RS enfrentará mais chuva forte nos próximos dois dias, embora o Vale do Taquari não seja a região mais atingida. Os maiores volumes serão na metade sul e fronteira oeste. Nessas regiões, o Inmet prevê chuva de 50 a 100 milímetros por dia, ventos intensos, de 60 a 100 quilômetros por hora, e possível queda de granizo. A Defesa Civil do RS trabalha para atender cerca de 3000 pessoas em risco nessas regiões.

CAUE FONSECA / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTICIAS RELACIONADAS