Reforma no Hospital São Paulo já dura 18 meses e provoca lotação em UPAs da região

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Fechado há 22 meses por conta de uma reforma, o pronto-socorro do Hospital São Paulo (HSP), na capital paulista, enfrenta mais uma vez o prolongamento do prazo para a conclusão das obras e está sem previsão para finalização dos trabalhos. Inicialmente, a obra duraria quatro meses. Ela já dura 18 meses.

O motivo para a prorrogação é a troca de piso realizada nos dois andares do edifício, que precisou ser substituído semanas depois da instalação devido a rachaduras. A informação foi revelada pela TV Globo e confirmada pela Folha.

Além disso, a instituição teve problemas estruturais que não estavam previstos no projeto. As lajes entre os pavimentos e mais de 80 colunas tiveram de ser reforçadas por conta de ninhos de cupins de concreto.

A restauração do Hospital São Paulo teve início em maio de 2022, com prazo de finalização entre setembro e outubro do mesmo ano, mas, um ano e meio depois, a reforma continua.

De acordo com a instituição, o prédio que aloca o pronto-socorro é uma construção antiga, que foi praticamente demolida para ser adequada aos atuais padrões estruturais e para o cumprimento das normas sanitárias e de segurança vigentes.

Em nota, a assessoria de imprensa do Hospital São Paulo informou que a empreiteira responsável pela execução da obra está redefinindo o cronograma de entrega do pronto-socorro.

O orçamento inicial para a reforma foi de R$ 8 milhões, que estão sendo liberados conforme o cronograma de andamento da obra. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, até o momento, foram repassados R$ 6,2 milhões.

Localizado na Vila Clementino, na zona sul, o Hospital São Paulo é ligado à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). A instituição é referência nacional em casos de média e de alta complexidade. A unidade recebe entre 400 e 800 pacientes diariamente.

Desde a interrupção nos atendimentos, a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), que gerencia a unidade no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde), passou a orientar pacientes a buscarem a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24 horas mais perto de onde moram.

Atualmente, a capital paulista conta com 23 UPAs. A da Vila Mariana, que é referência para o Hospital São Paulo devido à proximidade entre os serviços, tem capacidade para realizar 22 mil atendimentos mensais.

Em meio a uma epidemia de dengue, unidades de saúde e de pronto atendimento enfrentam lotação. Na manhã desta quarta-feira (20), a espera mínima para pacientes com sintomas de dengue na UPA Vila Mariana era de duas horas.

Acompanhando a noiva, a biomédica Gabriela Campilongo chegou à Unidade de Pronto Atendimento às 5h, depois de procurar o Hospital São Paulo. A companheira da biomédica está com pneumonia e sintomas de dengue.

“No hospital eles disseram que atendem apenas emergências de gestantes e oftalmológicas e então nos direcionaram para cá”, diz Gabriela. Entre pegar a senha na sala de espera e a visita ao médico, o casal passou cerca de 3 horas e 40 minutos na UPA.

A aposentada Maria Aparecida, de 72 anos, visitou três vezes a UPA Vila Mariana só nesta semana. Diagnosticada com dengue e infecção de urina, a filha da administradora Vanessa Souza, 44, faz questão de levar a mãe para fazer exame de sangue com frequência.

Souza conta que a aposentada perdeu o convênio recentemente e precisou recorrer ao SUS (Sistema Único de Saúde) para se tratar. A unidade de pronto atendimento da Vila Mariana foi indicada por conhecidos por ser mais vazia e de atendimento rápido, mas elas não encontraram agilidade na primeira experiência que tiveram no local.

Na última quinta-feira (14), elas deram entrada na UPA às 23h30 e só foram liberadas às 9h10 da sexta-feira (15). A administradora diz que a demora se deu pela lotação da unidade e por uma queda no sistema. “Só tiveram acesso aos exames dos pacientes que os mostrassem no celular”, conta.

Além disso, na segunda-feira (18) à noite, elas desistiram de esperar por atendimento, já que, segundo ela, a unidade estava muito cheia, sem lugar para sentar. “Hoje [quarta-feira] foi tudo rápido, esperamos cerca de uma hora e meia e o atendimento foi muito bom, impecável”, relata.

Em 2022, a Secretaria Municipal da Saúde se reuniu com os gestores estaduais, municipais e do Hospital São Paulo para tratar dos atendimentos realizados pela unidade e a possibilidade de remanejamento a outros equipamentos durante a reforma.

A pasta recomendou que o Hospital São Paulo mantivesse uma sala para atendimentos de emergência a pacientes graves que pudessem ser acolhidos, o que, segundo a administração do hospital, está sendo feito.

A Folha de S.Paulo perguntou à Secretaria Municipal de Saúde se há um plano para otimizar e tornar mais rápido os atendimentos nas UPAs e UBSs da capital paulista, em decorrência ao surto de dengue, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.

VICTÓRIA CÓCOLO / Folhapress

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