BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A relatora da CPI do 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), disse que vai pedir uma acareação entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-superintendente da Polícia Federal na Bahia Leandro Almada.
Os dois se encontraram cinco dias antes do segundo turno das eleições presidenciais e deram versões diferentes sobre a reunião.
Em depoimento à PF sobre a suspeita de que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) tenha agido para impedir a chegada de eleitores petistas às urnas, Almada afirmou que Torres pediu para que a PF também participasse das blitzes.
Já Torres disse à comissão nesta terça-feira (8) que foi à Bahia para visitar a reforma da superintendência da PF a convite do então diretor-geral da corporação, Márcio Nunes.
Segundo ele, as eleições foram discutidas de maneira lateral porque Almada relatou as dificuldades enfrentadas pela PF para cuidar de todos os municípios baianos durante o pleito.
“Nós conversamos também que, da mesma forma que no Rio de Janeiro, na Bahia circulavam vídeos pela Internet onde uma suposta organização criminosa dizia que tinha o controle sobre um determinado número de eleitores”, declarou o ex-ministro da Justiça.
“Ele [Almada] também disse que estava apurando isso, disse que o próprio presidente do TRE [Tribunal Regional Eleitoral] da Bahia havia pedido isso para ele também. Enfim, nós conversamos sobre isso, visitamos a obra e voltamos para Brasília.”
Eliziane reforçou que Almada deixou claro em seu depoimento que a reunião com Torres e Nunes, agendada em cima da hora, “não foi apenas uma visita a órgãos em construção da Polícia Federal”.
“Quando houve a reunião na Bahia e o ponto específico daquela reunião relatado pelo Almada no depoimento à Polícia Federal é de que foi o debate acerca dos pontos de votação, sobretudo os pontos onde o então candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva teria proeminência maior de votos.”
Questionado pela relatora durante o depoimento sobre a possibilidade de acareação, Torres disse que não teria “problema” enfrentar acareação com ninguém.
“Nós não fizemos isso, senadora [tentamos interferir no segundo tuno]. Não houve uma orientação para a Polícia Federal deixar de fazer o trabalho dela. Não houve nada nesse sentido, principalmente uma determinação. Não houve, não houve”, afirmou.
THAÍSA OLIVEIRA / Folhapress