RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Foram muitos os sucessos no teatro de Ney Latorraca, morto nesta quinta-feira (26), aos 80 anos. Certo que encontraria seu humor irônico, às vezes, escrachado, o público se acostumou, nas décadas mais recentes, a disputar ingressos para ver as suas peças.
A seguir, relembre alguns espetáculos marcantes, estreladas pelo ator.
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O MISTÉRIO DE IRMA VAP
Escrita pelo americano Charles Ludlam, a peça começou sua história nos palcos em 1986, permanecendo em cartaz por 11 anos. Latorraca contracenava com Marco Nanini, em uma sátira a vários gêneros teatrais e de cinema, uma miscelânea que ia de melodramas vitoriosos até clássicos do diretor britânico Alfred Hitchcock. Na época, público e crítica se encantaram, sobretudo, com um aspecto técnico da montagem. A dupla de atores trocava de figurino por repetidas vezes, dando conta de oito personagens.
BODAS DE SANGUE
Clássico do espanhol Federico García-Lorca, forma uma trilogia de peças, juntamente com “Yerma” e “A Casa de Bernarda Alba”. Latorraca integrou um elenco numeroso, em uma montagem de 1973. No enredo, Leonardo tenta seduzir sua ex-namorada, no dia em que ela está prestes a casar com um outro homem. A noiva e Leonardo fogem, desencadeando uma série de perseguições pelo deserto. O texto de García-Lorca tem matizes irreais, em que a lua e a morte se tornam personagens da trama.
REPORTAGEM DE UM TEMPO MAU
Em 1964, ano do golpe civil-militar, Latorraca contracenou, nesta peça, escrita por Plínio Marcos, com Walderez de Barros e Leonardo Lopes. O espetáculo acabou tendo apenas uma apresentação, porque foi censurada pelo regime. Sempre crítico ao autoritarismo, o dramaturgo escreveu uma colagem de textos, em que denunciava a violência, dando vida a personagens subalternos e marginalizados da época.
GUSTAVO ZEITEL / Folhapress