Reunião do Comitê de Ética termina sem acordo sobre indicado de Trump e mantém Gaetz na berlinda

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O Comitê de Ética do Congresso norte-americano reuniu-se nesta quarta-feira (20), mas terminou sem acordo sobre a decisão de divulgar ou não o relatório sobre o suposto caso de importunação sexual cometido por Matt Gaetz, apontado por Donald Trump para comandar o Departamento de Justiça.

O agora ex-deputado republicano da Flórida é uma das indicações do presidente eleito que está na berlinda no Legislativo, com risco de ser rejeitado pelo Senado.

Além dele, sofrem resistências no Parlamento os nomes de Pete Hegseth, ex-apresentador da Fox, escolhido para ser secretário de Defesa, Robert Kenney Jr., para o cargo equivalente ao Ministério da Saúde e Tulsi Gabbard, indicada para comandar a Inteligência Nacional.

Gaetz renunciou à sua cadeira na Câmara dias antes de o Comitê de Ética decidir sobre divulgar o relatório de uma investigação, iniciada em 2021, sobre relatos de uma jovem que diz ter tido relações sexuais com ele quando era menor de idade, aos 17 anos.

De um lado, democratas estão pressionando pela liberação do material, que pode complicar ainda mais a vida do ex-parlamentar. Do outro, republicanos atuam para manter o sigilo das informações e evitar ainda mais ruídos em torno da nomeação de Trump.

Mesmo que o relatório não seja publicitado, hoje há republicanos que apostam na rejeição do nome. Para ser confirmado, Gaetz precisará passar por uma sabatina e votação na Comissão de Justiça do Senado. Depois, terá sua indicação votada no plenário da Casa, que precisa de maioria simples dos 100 senadores para aprová-la.

Os republicanos terão 53 cadeiras contra 47 dos democratas no ano que vem. Ainda assim, a indicação de Gaetz chocou inclusive integrantes do partido de Donald Trump. O ex-deputado acumulou desgastes em sua atuação no Congresso.

Nos bastidores, assessores parlamentares reclamam que ele xingou senadores. Por isso, não há certeza que os republicanos darão a totalidade dos votos para aprová-lo.

Segundo o jornal New York Times, o próprio Trump tem consciência disso, mas tem insistido em manter a nomeação. O presidente eleito tem participado de alguma forma da ofensiva para garantir apoio ao aliado no Senado. Outros republicanos têm atuado também para angariar votos.

Nesta quarta, Gaetz foi ao Congresso acompanhado do vice-presidente eleito, o senador J.D Vance -que terá de renunciar para assumir o cargo- para reunião com os parlamentares na tentativa de melhorar o clima.

A reunião da Comitê de Ética durou cerca de duras horas. Ao final, o presidente do colegiado afirmou que não houve um “acordo pelo comitê” sobre divulgar ou não o relatório.

Enquanto isso, um hacker não identificado obteve acesso a um arquivo de computador compartilhado em um link seguro entre advogados cujos clientes deram depoimentos prejudiciais relacionados a Gaetz.

O arquivo de 24 documentos inclui o depoimento juramentado de uma mulher que disse ter feito sexo com Gaetz em 2017, quando ela tinha 17 anos, bem como o depoimento corroborante de uma segunda mulher que disse ter testemunhado o encontro.

JULIA CHAIB / Folhapress

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