Rio Acre bate o menor nível da história pela segunda vez em Rio Branco

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O nível do rio Acre, principal fonte de abastecimento de Rio Branco, se igualou nesta sexta-feira (20) à menor cota histórica, de 1,25 metro, registrada pela primeira vez em outubro de 2022.

Com a estiagem prolongada que afeta o estado, o índice se repetiu afetando mais de 387 mil pessoas nas zonas urbana e rural da capital, segundo o governo do estado.

Todas as bacias estão em cota de alerta máximo para seca, agravada em razão da falta de chuvas na região, situação que já perdura há dois meses. Os 22 municípios do estado continuam em estado de emergência por conta da seca.

Antes de 2022, o menor nível havia sido registrado em 2016, no dia 17 de setembro, quando o rio ficou em 1,30 metro.

O manancial em Rio Branco está com menos de 2 metros há cerca de 90 dias.

“No início deste ano, nós tivemos inundações nos 19 municípios dos 22, com cotas históricas máximas de inundações em Jordão, Santa Rosa do Purus e em Brasileia, onde essas cotas ultrapassaram todas as da série histórica de 53 anos. Agora no mês de setembro, precisamente nos últimos três dias, as cotas em alguns rios atingiram cotas mínimas”, afirmou o coordenador da Defesa Civil, coronel Carlos Batista.

Para evitar uma crise no abastecimento da capital, o Saerb (Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco) construiu uma barragem de cerca de 30 metros de extensão bem próxima da captação das bombas da ETA II (Estação de Tratamento de Água).

Atualmente, a capacidade de captação de água nas duas ETAs da cidade está em 96%, e por enquanto não há risco de racionamento.

Além da crise hídrica, a cidade enfrenta outro problema ligado à seca. Rio Branco amanheceu nesta sexta coberta de fumaça provocada pelas queimadas.

O governo do Acre decretou situação de emergência em saúde pública no dia 20 de agosto por causa do volume crescente de focos de incêndios, da seca dos rios e da vulnerabilidade da população ao consumo de água imprópria.

As aulas na rede pública estadual voltaram a ser suspensas na tarde desta sexta-feira. A Secretaria de Estado de Educação e Cultura disse que, devido ao agravamento dos índices de concentração de partículas no ar, foi determinado que os alunos fiquem em casa nesta sexta e no sábado (21).

As unidades haviam sido reabertas na segunda-feira (16) após duas semanas sem aulas por causa da forte fumaça de incêndios. Creches e escolas municipais, que reúnem 21,6 mil crianças, fecharam as portas. Já no sistema estadual foram 139 mil alunos sem aulas. Na rede privada, segundo o governo, a suspensão ficou a cargo de cada escola.

A qualidade do ar em Rio Branco é considerada péssima, chegando a 172,57 ?g/m³, quando o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é de 15?g/m³.

“Isso mostra que o Acre, e toda a região Norte, está sendo impactado com os eventos extremos de altas temperaturas e sem chuvas. Isso causa a redução dos nossos mananciais, dos níveis dos rios, aumenta a propagação dos incêndios florestais quando eles eclodem, e, em consequência, aumenta a poluição do ar pelo material particular, tanto da nossa região como de outros estados vizinhos, que o vento traz para cá também”, afirmou o coordenador da Defesa Civil, coronel Carlos Batista.

Segundo levantamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Acre teve o maior número de queimadas no mês de julho em oito anos, com 544 focos detectados.

Em 2023 foram registrados 212 focos de queimadas. Para tentar conter os incêndios, o estado lançou a Operação Sine Ignis (Sem Fogo) no final de agosto.

ALÉXIA SOUSA / Folhapress

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