RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Chope ou água de coco para beber, música ao vivo com voz e violão para ouvir. A clássica oferta dos quiosques da orla do Rio de Janeiro ficou para trás. Os estabelecimentos à beira da praia diversificaram os eventos musicais e as novidades têm atraído clientes neste verão.
As atrações são gratuitas e abertas para quem não consome no estabelecimento, mas o movimento impulsiona a venda de comidas e bebidas.
“Meus quiosques possuem música todo santo dia”, afirma Bruno de Paula, 40, sócio de cinco bares na orla suas duas unidades do Samba Social Clube, em Copacabana e na Barra da Tijuca, são dedicadas exclusivamente ao gênero. O empresário calcula um movimento três vezes maior neste verão, em comparação ao da última temporada.
Rodas de música têm lotado trechos da orla. As opções vão do samba na praia do Leme ao rock no Arpoador, passando por jazz e música eletrônica na praia da Barra da Tijuca. Há quem prefira ficar no calçadão a tomar banho de mar.
“Eu e minha esposa até vamos à praia com frequência, mas em dia de evento a música é prioridade. Arpoador, para mim, virou sinônimo de roda de música”, diz o engenheiro catarinense Mathias Lindig, 44, que mora no Rio há dois anos.
Lindig frequenta a Roda de Ska, evento criado em 2022 que leva música jamaicana para quiosques das praias do Leme e do Arpoador.
O conjunto reúne 11 músicos de diferentes bandas de reggae e ska. O público se mistura: uma parte é formada por banhistas que saem da praia e param para assisti-los, outra é de fãs fiéis que vão só para vê-los, como Lindig.
“Parte da galera está na praia para se divertir, curtir o dia, não procura necessariamente por música. Por isso é legal ver a surpresa e a satisfação na cara das pessoas quando passam pela roda. Em paralelo, criamos um público que sai de várias partes do Rio e até de outro estado para nos assistir”, diz Leonardo Villa Verde, que toca ukulele e é vocalista do conjunto.
Foi o músico que, há dois anos, lançou a ideia da roda. Após combinar com os colegas, procurou por quiosques pedindo espaço para tocar. Encontrou Marcus Wagner, proprietário do Alalaô, inaugurado em 2021 entre as praias do Arpoador e de Ipanema.
O Alalaô recebe exposições, instalações artísticas e palestras e atualmente tem cinco rodas de música na agenda mensal. Em dia de evento, até vendedores ambulantes circulam, aproveitando o fluxo de pessoas.
O movimento de música e boemia na região ganhou o apelido de Baixo Arpoador, referência a outros pontos de encontro famosos na vida noturna da cidade, como o Baixo Leblon e o Baixo Gávea.
“Os ritmos escolhidos são propositadamente muito diversificados. Samba, ska, afrobeat, cumbia, rock. Meu objetivo com esse projeto não é apenas financeiro. Acredito que a cultura transforma territórios”, afirma Marcus Wagner.
A Orla Rio, concessionária que detém a exploração comercial e publicitária de 309 quiosques na cidade, calcula que eles atendam, em média, 18 milhões de clientes por ano 6 milhões somente nas praias do Leme e Copacabana.
Desde 2017, uma lei municipal regulariza a música ao vivo nos quiosques cariocas. “Ela trouxe aumento no faturamento dos operadores, principalmente porque este é um negócio sazonal”, afirma João Marcello Barreto, presidente da Orla Rio.
Na baixa temporada, quiosques chegam a perder até 50% da receita. Com as atrações da música ao vivo, contudo, é possível aumentar o faturamento entre 20% e 30%, aponta.
As apresentações devem acontecer entre as 12h e as 22h, e os quiosques precisam ter equipamentos para medir o barulho o limite é de 55 decibéis até as 22h e de 50 decibéis entre as 22h e as 7h. O descumprimento pode gerar multa e suspensão do alvará em caso de reincidência.
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Quiosques com programação musical
Ginga
Avenida Atlântica, posto 1, Leme, (21) 98101-6537, @ginga.rio
Alalaô Kiosk
Avenida Vieira Souto, 0, Arpoador, alalaokiosk.com, @alalao_kiosk
Bondai Praia
Avenida do Pepê, posto 1, Barra da Tijuca, (21) 99992-6443, @bondaipraia
YURI EIRAS / Folhapress