‘Rodeio Rock’, com Carla Diaz, opõe sertanejo ao rock para mostrar interior do país

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Marcelo Antunez já sabia da fama do Jaguariúna Rodeio Festival quando começou a filmar “Rodeio Rock” no ano passado. Mas o diretor carioca só foi entender a proporção do evento, tradicional no interior paulista, ao visitar o local onde os palcos seriam construídos.

“Aquilo me assustou pela dimensão. Foi ali que entendi que o festival era maior do que imaginava”, diz o cineasta. A sensação de assombro se repetiu quando ele gravou cenas do filme no palco, durante os intervalos entre os shows. “Quando se olha para a plateia e se vê 70 mil pessoas olhando de volta, a força de um cantor de sertanejo fica palpável.”

A experiência de Antunez em Jaguariúna reflete a do próprio filme, uma comédia romântica construída em torno das diferenças culturais entre a metrópole e o interior. Na história, Hiro, um fã de rock cheio de dívidas, é contratado para se passar por um famoso cantor de sertanejo, Sandro Sanderlei, depois que o artista entra em coma pouco antes de uma turnê milionária pelo país.

Hiro é idêntico a Sandro —e ambos são vividos por Lucas Lucco—, o que de início lhe causa ojeriza. O roqueiro detesta sertanejo. Mas aos poucos ele fica mais aberto para a música e o que ela representa, em especial depois de conhecer —e se apaixonar— por Lulli, papel de Carla Diaz.

A jornada de Hiro foi o que atraiu Antunez, que diz ter visto uma chance de explorar o universo do sertanejo no interior. Para ele, era a chance de levar essa região ao cinema de maior alcance, tão dominado por histórias do Rio de Janeiro e São Paulo. São tramas que ele mesmo explorou em comédias como “Até que a Sorte nos Separe 3”, de 2015, e “O Palestrante”, de 2022.

“O universo do interior já foi explorado pela novela diversas vezes, mas o cinema do grande circuito não faz muito isso. Você vê isso acontecer em filmes independentes, que tem uma visibilidade menor”, diz Antunez.

O diretor cita como exemplo “Pantanal” e”Velho Chico”, da Rede Globo. São casos recentes de sucesso na emissora, que vem investindo em mais histórias com viés sertanejo. Só nos últimos meses foram lançados a novela “Terra e Paixão”, no horário das nove, e a série “Rensga Hits!”, no Globoplay.

É o sucesso que “Rodeio Rock” busca repetir nas bilheterias, apesar de Antunez reconhecer que não sabe quem seu filme vai encontrar nos cinemas —o público da metrópole, acostumado à vida nos grandes centros, ou do interior, que pode se ver representado nas telonas.

“A intenção é mostrar que tudo vale a pena, independente da expressão cultural. A cultura é um conjunto de hábitos e isso nos ajuda a construir uma identidade nacional.”

Para isso, o filme aposta na comédia romântica, fortalecida por dois atores veteranos de “Malhação” e pelas belas paisagens do Pantanal. Para Carla Diaz, a produção foi a chance de trabalhar no gênero, uma paixão antiga sua. “Gostei muito da ideia de fazer uma comédia romântica”, diz ela. “É um gênero que consumo há anos e fiquei animada de estar ali naquele lugar da mocinha de uma história leve.”

O curioso é que a atriz, de certa forma, viveu na pele o movimento pendular do filme para o interior. Ela trabalhou em “Rodeio Rock” na mesma época em que gravava “A Menina que Matou os Pais: A Confissão”, terceiro longa da série em que vive Suzane von Richthofen, condenada por matar os pais.

Segundo Diaz, foi um alívio bem-vindo de sua pesquisa nos autos do processo do caso Richthofen para interpretar Suzane. “Eu tive liberdade para criar com a Lulli. Era como ter uma folha em branco em que eu pudesse desenhar livremente. Pude me permitir neste processo criativo.”

RODEIO ROCK

Onde Em cartaz nos cinemas

Classificação 12 anos

Elenco Lucas Lucco, Carla Diaz e Felipe Hintze

Produção Brasil, 2023

Direção Marcelo Antunez

PEDRO STRAZZA / Folhapress

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