PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A passagem de um novo ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul menos de uma semana depois do evento que matou 47 pessoas no Vale do Taquari assustou os gaúchos nos últimos dias com mais chuvas volumosas e alguns danos materiais, mas sem vítimas. Nesta quinta (14) o fenômeno se afasta em direção ao oceano, trazendo algum alívio ao estado.
Segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), 36 municípios gaúchos registraram mais de 100 milímetros de chuva nas últimas 24 horas, sobretudo das regiões sul e central do RS. O município em que mais choveu foi São Lourenço do Sul, no sul do estado, com 192,6 mm. Em Santa Maria, na região central, choveu 189,6 mm.
A previsão do tempo indica que a chuva deve parar ao longo desta quinta, dando lugar a uma frente fria. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta amarelo para o estado indicando que a temperatura pode chegar a 5°C.
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), na manhã desta quinta havia nove pontos de interdição em rodovias federais. Desses, está com bloqueio total um trecho da BR-116 em São Marcos, na serra gaúcha.
Nos demais municípios há interdição parcial da pista, seja por precaução ou por danos causados pela chuva dos últimos dias. Os bloqueios parciais ocorrem em Caçapava do Sul (BR-290), Cachoeira do Sul (BR-153), Estrela (BR-386), Nova Petrópolis (BR-116), Santiago (BR-287), São Sepé (BR-290), Sapucaia do Sul (BR-116), e Tapes (BR-116).
Na quarta-feira (14), a queda da contenção de um açude às margens da BR-116 em Camaquã, no sul do estado, fez com que uma viatura da PRF fosse arrastada pela força de água. Dois agentes que estavam no veículo foram resgatados sem ferimentos. A rodovia chegou a ser bloqueada em razão das lâminas de água sobre a pista, mas o trânsito foi liberado horas depois.
Em Porto Alegre, o acúmulo de chuva somado a um vento no sentido contrário ao do escoamento da água para a Lagoa dos Patos fez com que o lago Guaíba, que banha o centro, a zona sul e bairros localizados em ilhas alcançasse uma de suas maiores marcas históricas de cheia: 2,65 metros.
De acordo com a Metsul meteorologia, as rajadas de vento sobre a lagoa alcançaram de 70 km/h a 80 km/h.
A capital gaúcha registrou 118 mm de chuva nas últimas 24 horas, mas amanheceu sem precipitações nesta quinta.
Como o lago deve continuar a receber água do rio Jacuí ao longo do dia e o problema do escoamento para a Lagoa dos Patos continua, é possível que alcance o índice de 2,97 metros atingido em 2015, quando as comportas do muro que protege a cidade na avenida Mauá tiveram de ser fechadas.
A cota de inundação do Guaíba é de 3 metros e, embora ainda não atinja esse nível, a cheia traz problemas desde terça (13) a bairros das zonas sul e norte e às regiões das ilhas, devido à dificuldade de escoamento em bocas de lobo. Houve alagamentos em vias da zona sul, como a avenida Tramandaí, e quedas de talude do Arroio Dilúvio, que deságua no Guaíba e corre margeado pela na avenida Ipiranga, uma das principais da cidade.
A Prefeitura de Porto Alegre está em alerta para possíveis alagamentos de residências nas ilhas, onde há moradias de baixa renda e/ou irregulares. De acordo com o prefeito Sebastião Melo (MDB), 75 pessoas estão acolhidas em abrigos, por precaução.
No Vale do Taquari, região que teve municípios devastados na semana passada, a chuva dos últimos dias dificultou as buscas por nove pessoas que seguem desaparecidas, bem como o trabalho de limpeza das cidades.
Nas últimas 24 horas choveu mais de 100 mm em municípios da região como Lajeado, Estrela e Venâncio Aires, onde 1.693 pessoas continuam desabrigadas.
CAUE FONSECA / Folhapress