PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Já castigado pelas enchentes da semana passada, o Rio Grande do Sul deve seguir sob forte chuva até quinta (14) graças à formação de mais um ciclone extratropical na costa do estado, que pode provocar rajadas de vento de até 80 km/h no litoral e na região metropolitana de Porto Alegre.
Conforme o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), os maiores acumulados de chuva se concentram entre a faixa central, o sul e o oeste do Rio Grande do Sul -são esperados entre 100 e 150 mm de chuva e acumulados pontuais de 200 mm até quinta. Na faixa norte e nordeste do estado, a chuva pode ficar entre 80 e 100 mm.
Em Porto Alegre, nas zonas norte e sul, áreas em que alagamentos são frequentes em dias de chuva volumosas, a água tomou conta da pista em diversos pontos. Em um viaduto na rua Voluntários da Pátria, próximo à Arena do Grêmio, um carro ficou boiando na água acumulada e o motorista teve de sair pelo teto solar.
Desde segunda (11) chove forte nos municípios da fronteira oeste e na metade sul do estado. Com a cheia dos rios que banham a região, 600 pessoas tiveram de deixar preventivamente suas casas até a noite desta terça (12).
Em Uruguaiana, o rio Uruguai havia subido 14 centímetros acima da cota de inundação no final da terça-feira, levando cerca de 70 pessoas a saírem de casa. Em Rosário do Sul, também na fronteira oeste, mais de 170 pessoas estão abrigadas no ginásio municipal.
Na região sul do estado, em Pedro Osório, o rio Piratini invadiu residências às suas margens. Jaguarão, Pelotas, Rio Grande e Tapes, municípios da região hidrográfica da Lagoa dos Patos, também registram alagamentos. Também na zona sul, em Camaquã, uma viatura da PRF (Polícia Rodoviária Federal) foi arrastada pela força da água na BR-116.
Conforme a PRF do RS, houve o rompimento de um açude no local, que inundou e interditou a pista. Os dois policiais que estavam na viatura não se feriram.
De acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do RS, o tempo continuará instável nesta quinta (14), mas com volumes menores, que variam entre 10 e 30 milímetros. Ao longo do dia, o ciclone deve se mover para o oceano. Conforme a Defesa Civil do RS, ainda há risco geológico em municípios do oeste, da região central e do sul do estado.
Por ora, não há preocupação de novos danos significativos na região do Vale do Taquari. Os municípios de Roca Sales e Muçum foram quase totalmente afetados e houve danos severos em outras sete cidades: Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado, Santa Tereza e Venâncio Aires. A região ainda tem 1.693 pessoas desabrigadas.
O retorno da chuva à região desde a noite de terça, porém, dificultou o trabalho de limpeza dos municípios e a busca por nove pessoas que ainda estão desaparecidas. A região tem previsão de chuva fraca ao longo desta quinta. Roca Sales e Muçum receberão o reforço de 25 apenados do sistema prisional gaúcho em cada município para ajudar na limpeza dos municípios.
O Governo do Rio Grande do Sul divulgou na terça os nomes dos desaparecidos. Entre eles está a Ariel Delmo Armani, 25, esposa de Miguel Rutigliano, morador de Lajeado que perdeu os dois filhos bebês na enxurrada no dia 5. Os corpos das crianças já foram localizados e sepultados. As chuvas no estado mataram 47 pessoas.
CAUE FONSECA / Folhapress