Rui Costa atribui inflação acima da meta a eventos climáticos

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Rui Costa (Casa Civil) atribuiu, nesta sexta-feira (10), a eventos climáticos a inflação no acumulado de 2024 ter ficado acima do teto da meta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

O índice fechou em 4,83%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta. O teto da meta estava definido em 4,5%.

“É evidente que essa variação na inflação tem impacto nesses dois eventos climáticos fortes que vocês acompanharam, noticiaram, tanto de seca em vários lugares do país, como de chuva excessiva em vários lugares do país”, disse.

“Mas eu diria que isso deve se acomodar e o conjunto de medidas fiscais votadas em dezembro, isso vai inclusive dialogar e já está promovendo seus efeitos, de reafirmar o absoluto compromisso fiscal do governo, trazendo de novo a inflação para dentro da meta e dentro dos limites previstos no conjunto da política econômica”, completou.

O ministro citou como exemplo o Rio Grande do Sul, cujas enchentes tiveram um grande impacto no agronegócio da região. O que, por sua vez, afetou o PIB (Produto Interno Bruto).

Ainda assim, Rui Costa disse que o PIB deve ficar em torno de 3,5%, 3,6%, “tendo a indústria, a renda e o consumo puxando”. O crescimento da agricultura, por sua vez, foi negativo.

A declaração foi dada a jornalistas no Palácio do Planalto, após reunião sobre a decisão da empresa Meta de pôr fim ao seu programa de checagem de fatos.

Com o estouro da meta, o novo presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, terá de escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O documento deve explicar os motivos que levaram ao descumprimento do alvo, que tinha centro de 3% e intervalo de tolerância de até 4,5% (teto).

Galípolo será o autor da oitava carta desde a adoção do sistema de metas, em 1999. O seu antecessor, Roberto Campos Neto, escreveu duas.

Analistas afirmam que a preocupação com o IPCA segue em 2025. Isso porque a inflação passada baliza reajustes de preços no ano posterior, incluindo aluguéis e mensalidades escolares. É a chamada inércia inflacionária.

O alerta para este ano também ganhou força com a escalada do dólar, que pode influenciar diferentes produtos, de alimentos a combustíveis.

“A taxa de juros vai ter de subir com força, não tem jeito, e aí começa uma preocupação maior com a atividade econômica até para 2026. O crescimento [do PIB] tende a ser mais fraco com esse cenário de juros em um ano eleitoral”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB associados.

“É o dilema do governo agora. Ele precisa desacelerar a economia para conter a inflação ao mesmo tempo em que está chegando um ciclo eleitoral e ele [governo] precisa manter o crescimento”, acrescenta.

O IPCA de 2024 (4,83%) veio praticamente em linha com a mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 4,84%, segundo a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 4,70% a 4,91%.

Em 2023, o primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a inflação havia fechado abaixo do teto da meta, que era de 4,75%.

O resultado registrado à época (4,62%) veio após dois anos consecutivos de estouro do objetivo, em 2022 (5,79%) e 2021 (10,06%), durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

MARIANNA HOLANDA / Folhapress

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