Sabatina de Marçal, apagão e abraço de Nunes e Boulos no debate; relembre o 2º turno de SP em 10 momentos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A eleição à Prefeitura de São Paulo teve momentos marcantes na campanha do segundo turno, que se encerra neste domingo (27), com o resultado da disputa entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).

Relembre alguns dos principais episódios da campanha municipal paulistana:

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LIVE DE MARÇAL COM BOULOS

Adversários no primeiro turno, Pablo Marçal (PRTB) e Boulos se reencontraram em uma live na sexta-feira (25), às vésperas da votação. Nunes, por sua vez, ignorou o convite do influenciador. Marçal deixou de lado o estilo provocador e os apelidos, se comprometendo com uma sabatina “sem baixaria”. Boulos não mencionou o laudo falso apresentado no início do mês por Marçal para tentar associá-lo a consumo de drogas. Ao responder perguntas do autodenominado ex-coach, o candidato do PSOL se dirigiu ao público de Marçal, replicando seu discurso ao se colocar como um candidato antissistema e direcionando promessas para empreendedores.

APAGÃO

Uma tempestade no último dia 11 deixou 34% dos paulistanos sem luz, segundo o Datafolha, e se tornou o grande tema da campanha no segundo turno, pautando debates, entrevistas, agendas e horário eleitoral. Enquanto Nunes e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se voltaram contra a Enel e acusaram o governo federal de omissão, Boulos bateu na tecla de que o prefeito não podou, durante sua gestão, as árvores que caíram sobre os fios. A crise, porém, não trouxe impacto significativo para o emedebista nas pesquisas de intenção de voto.

ABRAÇO NO DEBATE

O primeiro debate do segundo turno, realizado pela TV Bandeirantes, foi tenso sobretudo pela troca de ataques em relação ao apagão em São Paulo. No entanto, o ponto mais alto foi quando Boulos se aproximou de Nunes, que estendeu o braço e chegou a abraçar o adversário de lado. A cena fez os dois rirem. Nunes, ao abraçar Boulos, disse: “Você não vai me intimidar”. “Jamais”, respondeu Boulos. “Eu vim da periferia do Parque Santo Antônio, não tenho medo de nada, só de Deus”, completou o emedebista. Na internet, a cena foi comparada ao toque de Jair Bolsonaro (PL) em Lula (PT) durante debate em 2022.

BOLSONARO APARECE

Apesar de ter declarado apoio formal a Nunes e indicado o vice da chapa, Ricardo Mello Araújo (PL), Bolsonaro só apareceu na campanha do prefeito a cinco dias do segundo turno. Antes disso, chegou a acenar para Marçal, o que não ajudou Nunes a angariar votos na direita. Na terça (22), Nunes, Bolsonaro e Tarcísio almoçaram com cerca de 400 empresários e políticos, gravaram um podcast, participaram de um culto e jantaram em uma pizzaria. O ex-presidente e o prefeito, porém, fizeram discursos breves, acenos discretos e elogios pouco efusivos, expondo a aliança envergonhada. Entre aliados do prefeito, havia dúvidas se a participação do ex-presidente no segundo turno seria benéfica.

PRESENÇA DE LULA FRUSTRADA

A expectativa da campanha de Boulos de que o presidente Lula teria participação mais intensa na campanha de rua no segundo turno se frustrou por causa de imprevistos. O petista viajou à capital paulista para duas caminhadas no dia 19 que acabaram sendo canceladas por causa da chuva. No mesmo dia, os dois fizeram uma transmissão juntos pelas redes sociais.

Esperado na cidade para o fim de semana da votação, com a intenção de repetir neste sábado (26) uma caminhada como a do primeiro turno, Lula teve que cancelar os planos após sofrer uma queda no Palácio da Alvorada, em Brasília, bater a cabeça e ser impedido de viajar.

Com isso, as aparições do principal cabo eleitoral de Boulos ficaram restritas ao horário eleitoral e às redes sociais. No primeiro turno, eles estiveram juntos em dois comícios no mesmo dia e na caminhada da véspera da votação, mas também houve compromissos desmarcados por causa da agenda presidencial.

APOIO DE ALCKMIN

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que apoiou Tabata Amaral (PSB) no primeiro turno, esteve ao lado de Boulos no segundo. Diferentemente de Tabata, que não subiu no palanque do deputado federal, Alckmin esteve com Boulos no bar do Estadão, onde dividiram um sanduíche, e em um ato no Teatro Gazeta. Visto pela campanha do PSOL como peça importante para acenar a segmentos mais moderados, ele chamou Boulos de “servidor do povo”. O deputado minimizou o passado de críticas mútuas e justificou que “o Brasil mudou” e, com o avanço da extrema direita, foi preciso que os defensores da democracia se aproximassem.

NUNES NÃO VAI A DEBATES E ENTREVISTAS

Escorado em sua vantagem nas pesquisas, Nunes não compareceu aos debates promovidos em pool pelo Grupo Globo e por Folha de S.Paulo, UOL e RedeTV!. Neste último, confirmou a sua presença, mas cancelou sua participação horas antes. Boulos chamou Nunes, por várias vezes, de covarde com as desistências. O candidato do PSOL, inclusive, promoveu uma espécie de debate com eleitores na rua. Em cima de um palco, ele respondeu perguntas feitas pela plateia.

BOULOS SE MARÇALIZA

Na tentativa de convencer parte dos eleitores de Marçal, Boulos passou a copiar estratégias do influenciador e, neste segundo turno, focou em propostas para empreendedores, pequenos empresários e autônomos como motoristas de aplicativos, taxistas e motoboys. O candidato também tentou passar a imagem de que, nesta campanha, luta contra o sistema político e adotou tom mais agressivo diante de Nunes, se referindo ao atual prefeito como “fraco”, “fantoche” e “tio Paulo do Tarcísio”.

APOIO DE TABATA, DATENA E MARINA

Tabata decidiu anunciar o voto em Boulos logo após ser derrotada no primeiro turno, com 9,92% dos votos. Ela afirmou que o voto era uma convicção, não subiu no palanque do deputado e disse que não aceitaria nenhum cargo em seu eventual governo. Já o apresentador José Luiz Datena (PSDB), que passou a campanha alegando que não apoiaria nenhum candidato e registrou apenas 1,84% de votos, divulgou o apoio a Boulos por meio de um vídeo —a atitude foi na contramão do seu partido, que recomendou voto em Nunes. Já Marina Helena (Novo), que teve 1,38%, anunciou em um evento com Nunes o voto nele.

PEDIDO DE RETRATAÇÃO DE MARÇAL

Dois dias após a derrota no primeiro turno, Marçal chamou jornalistas para comunicar que só apoiaria a reeleição de Nunes se recebesse um pedido de retratação do próprio prefeito, de Bolsonaro, de Tarcísio, do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do pastor Silas Malafaia a respeito do que ele diz serem “mentiras” que falaram sobre ele. Afirmou ainda que Boulos venceria as eleições porque sabia falar a língua do povo, diferentemente de Nunes.

ANA LUIZA ALBUQUERQUE, CARLOS PETROCILO, JÚLIA BARBON, ISABELLA MENON, CAROLINA LINHARES E JOELMIR TAVARES / Folhapress

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