PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – A empresa de consultoria em aviação AeroDynamic estima que as passagens aéreas na classe executiva movimentem em torno de US$ 2,6 bilhões (ou R$ 13 bilhões) no mundo todo, o que representa quase metade de todo o mercado da venda de tíquetes aéreos.
Estamos falando de alguém que pode pagar até dez vezes o preço de uma passagem de classe econômica para ter, entre outros benefícios, fila menor no controle de segurança do aeroporto, embarque preferencial, assento totalmente reclinável e com mais privacidade, menu requintado, além dos chamados kits de amenidades, como nécessaire com produtos de beleza.
Por isso, uma série de reportagens da Folha mostra como é voar nas classes executivas de empresas áreas, ajudando o consumidor a ponderar se vale a pena desembolsar dólares a mais -e não é pouca coisa- para comprar esse tipo de passagem. Latam, Delta e United são algumas das companhias que já foram exploradas.
Veja a seguir como é a experiência na classe executiva da Air France.
Nos aviões Boeing 777-300 da Air France, que operam na rota entre Paris e São Paulo, a classe executiva conta com mais de 40 assentos, dispostos no esquema 1-2-1. Aqueles virados para a janela tendem a ser ainda mais privativos, enquanto que os do corredor, dispostos em um ângulo de quase 45 graus parecem menos reservados -mas nada que torne a experiência desagradável.
Cada poltrona é equipada com cofre para armazenar objetos pessoais, conta com tomada universal e entrada USB, além de fone de ouvido do tipo supra-auricular, isto é, que oferece muito mais isolamento acústico para curtir o entretenimento a bordo do que aqueles do tipo intra-auriculares da classe econômica, que costumam ser muito ruins.
Botões na lateral, como de costume nas executivas de longa distância, regulam a inclinação da poltrona e permitem que ela recline a até 180 graus, estendendo-se por quase dois metros de comprimento. Cada uma delas vinha equipada com um travesseiro e um edredom.
Ao embarcar, os comissários já oferecem champanhe aos passageiros da executiva –na ocasião, era um brut da marca Pommery. Ainda na carta de vinhos, estavam disponíveis duas opções de branco e duas opções de tinto, nos dois casos com cepas das regiões francesas do Languedoc e da Borgonha –vodca, gin, cerveja Heineken e uísque Belleue completavam a oferta alcoólica.
Logo após a decolagem, foram servidos petiscos como vol-au-vent, uma espécie de massa folhada, com creme de limão e, de entrada, patê de salmão e crostini de azeitona e alcaparra com escabeche de vegetais. Como não podia deixar de ser com uma empresa francesa, a tábua com um queijo do dia.
O jantar contou com quatro opções: filé-mignon com purê de batatas cremoso, filé de frango assado com mel e pápricas, moqueca de camarão (uma opção bem brasileira, diga-se) e purê de batata com castanha portuguesa para vegetarianos.
A empresa ainda oferecia a possibilidade de um jantar rápido, se o passageiro assim o quisesse, que abarca entrada, queijo e sobremesa. Durante todo o voo ainda podia se contar com um bufê de frutas e outros itens.
Para o café da manhã, suco, café, chá, seleção de pães e iogurte, além de omelete com tomates.
O kit de amenities, chamado pela companhia de kit-conforto, traz cosméticos, máscara de dormir, escova e pasta de dente, creme para as mãos e hidratante da marca Clarins -numa necéssaire fininha, bem portátil.
A programação de entretenimento surpreende pela variedade –praticamente um oásis de boas opções no deserto que é a oferta de filmes e séries na maioria das companhias aéreas. O cardápio equilibra produções bem recentes como “Duna: Parte 2”, bons clássicos franceses, como “Rainha Margot”, e escolhas menos óbvias, como o documentário “All the Beauty and The Bloodshed”.
Aviões Boeing 777-300 da Air France, vale dizer, podem contar ainda com a La Première, a primeira classe da companhia, que traz assentos ainda mais privativos, uma nécessaire mais equipada, filmes em HD e poltrona que se transforma numa cama mais espaçosa.
Uma ressalva do voo é que, ao menos por enquanto, passageiros que voam de executiva pela Air France têm à disposição apenas a diminuta e pouco aconchegante sala W Premium Lounge em Guarulhos, que deve certamente figurar entre as mais mal-equipadas do terminal 3 do aeroporto.
Seu bufê de comidas é um tanto decepcionante -um punhado de croissants, um estrogonofe aguado e um macarrão esturricado ao molho bolonhesa. As poltronas ali na sala também são poucas, e se o sol estiver batendo da janela, as opções são ainda mais reduzidas, com o pessoal disputando os poucos assentos.
Um tíquete médio na classe executiva para o voo entre São Paulo e Paris sai por cerca de R$ 9.000 para os meses de outubro e novembro.
GUILHERME GENESTRETI / Folhapress