SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A previdência privada é uma das estrelas de fim de ano. Por oferecer a possibilidade de dedução de até 12% da renda bruta anual tributável no Imposto de Renda, muitos brasileiros correm para fazer aportes no modelo PGBL, aproveitando o 13º.
Um levantamento feito pelo Itaú com seus clientes de previdência privada aponta que os meses de novembro e dezembro chegam a concentrar 60% do total de recursos aplicados nessa modalidade ao ano.
“A isenção de 12%, criada pelo governo para estimular a poupança, faz diferença no longo prazo”, diz Martin Iglesias, especialista em investimentos e alocação de ativos do Itaú Unibanco.
Esse modelo de complemento à aposentadoria, porém, não é indicado a todos, especialmente a quem não faz a declaração completa do IR e não consegue aproveitar o benefício tributário. Além disso, são fundos de investimento que tem, geralmente, custos mais elevados que os demais.
“Todo o mundo que ganha mais de R$ 9.000 ao mês já deve analisar o PGBL”, diz Valter Police, gerente da Droom Planner e planejador financeiro certificado.
Outra vantagem é a facilidade de poupar, já que a previdência privada pode ser descontada automaticamente da sua conta-corrente, se contratada a contribuição mensal via débito automático.
Fora que ela é desenhada para coibir resgates antecipados, com maiores alíquotas de IR no resgate no caso da tabela regressiva (a partir de 35%) e, em alguns casos, uma taxa de saída para evitar saques antes da hora.
Outro benefício é a portabilidade. É possível transferir o fundo para a gestora que ofereça as condições mais vantajosas.
“Quando falamos em previdência privada, quanto maior o prazo de contribuição, menor será o esforço exigido para se alcançar a reserva desejada, não somente pela possibilidade de se efetuarem aportes de menor valor mas também pela potencialização do efeito dos juros compostos ao longo do tempo”, diz Estevão Scripilliti, diretor da Bradesco Vida e Previdência.
No caso do VGBL, o destaque positivo é a transferência automática para herdeiros estipulados no momento da contratação.
Essa é uma boa opção para quem tem muitos bens a serem deixados como herança, já que a previdência não entra no processo judicial do espólio e pode ser imediatamente acessada sem burocracias e ser utilizada para arcar com os custos de inventário.
Além disso, fundos de previdência privada podem oferecer uma boa diversificação do portfólio com foco no longo prazo, especialmente para quem não está inserido no mundo dos investimentos. Existem fundos de renda fixa, variável ou de multimercado –que combina ativos das duas naturezas.
Segundo analistas, quanto maior a aceitação à risco do investidor e horizonte para o investimento, o adequado é optar por um fundo de previdência com mais risco, de modo a maximizar os ganhos. Quanto mais conservador o investidor e mais próximo o investimento estiver do uso, se deve escolher a opção mais conservadora. Idealmente, o prazo mínimo é oito anos.
Porém, quanto mais complexo o fundo, maior tende a ser o seu custo expressado pela taxa de administração, que podem superar os 3%. Iglesias, do Itaú, aconselha evitar os que têm taxas acima de 2%.
Além da taxa de administração, alguns fundos também cobram taxa de performance e taxa de carregamento, conhecidas como taxa de entrada, quando incidem sobre o aporte inicial, e taxa de saída, em caso de resgate antecipado.
Antes de contratar um fundo, é necessário colocar todos os custos no papel e ver se ele é vantajoso para o objetivo do investidor, dizem especialistas.
“Na hora de contratar um plano de previdência, recomendamos que o cliente leve em conta o objetivo a ser atingido, a sua capacidade de contribuição, seus objetivos e estrutura familiar, entre outros fatores” diz Scripilliti, do Bradesco.
Outros pontos de atenção são o histórico e a solidez da gestora/seguradora, se o gestor daquele fundo é experiente e qual a estratégia de investimento do fundo, para adequá-la ao perfil de risco.
“O investidor também deve buscar consistência na rentabilidade do fundo, entendendo que há certas variações conforme os ciclos econômicos”, diz Valter Police, gerente da Droom Planner e planejador financeiro certificado.
Segundo Iglesias, do Itaú, o recomendado é buscar fundos com ganhos reais [acima da inflação] a partir de 4%.
Hoje, todos os títulos do tesouro Renda+ superam esse percentual, com rentabilidade anual acima de 5,50% mais a correção da inflação. Lançado em 2023 pelo Tesouro Nacional, o Renda+ é uma combinação do título IPCA+ (NTN-B) com previdência privada. Não há, porém, a opção de recebimento vitalício ou como na previdência. No Tesouro, a mensalidade é paga por 20 anos.
JÚLIA MOURA / Folhapress