Saída de militares de aquartelamento é acompanhada de ansiedade e frustração

BARUERI, SP (FOLHAPRESS) – Mães de soldados que estavam aquartelados no Arsenal de Guerra, em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, aguardavam ansiosas pela saída de seus filhos no fim da tarde desta quarta-feira (18). No local, 21 metralhadoras desapareceram e, por isso, soldados e oficiais estavam proibidos de sair da unidade do Exército desde o último dia 10.

A liberação começou na noite de terça (17). Segundo o Comando Militar Sudeste, ainda na noite de quarta permaneciam no local 160 militares “para poder contribuir para as ações necessárias no curso da investigação”. Outros 320 que conseguiram autorização para sair cumprem expediente e podem voltar para casa ao final do dia.

Uma mãe foi até o Arsenal mas retornou sozinha, depois de deixar comida e roupas para o filho. Na saída, ela afirmou que seu soldado não seria liberado porque ainda precisava prestar depoimento.

Outra, chamada Heloísa, estava em casa em Santana do Parnaíba, na região metropolitana, quando no meio da tarde recebeu um telefonema do quartel avisando que poderia buscar seu filho, recruta de 19 anos. Ela não informou o sobrenome.

A mulher, que foi até lá com uma amiga, estacionou seu carro em frente ao Arsenal de Guerra e esperou mais de uma hora pela saída do filho.

“Eu quero abraçar ele, estou ansiosa”, disse, antes de o soldado sair, às 17h50. Apesar da emoção, o abraço foi rápido, pois o jovem entrou logo no carro para não falar com jornalistas.

Os militares foram liberados em grupos e nenhum deles conversou com a imprensa. Um afirmou que não podia.

Segundo o Comando Militar Sudeste, os militares foram inicialmente aquartelados em estado de “prontidão”. O procedimento costuma ser acionado em situações em que a tropa precisa ser mobilizada rapidamente para a ação. No caso do sumiço de metralhadoras, o aquartelamento pode servir tanto para manter suspeitos no local quanto para agilizar uma eventual operação de busca das armas.

Na terça, o Exército anunciou que a situação mudou “do estado de prontidão para sobreaviso, o que significa uma redução do efetivo da tropa aquartelada”.

O material que sumiu inclui 13 metralhadoras .50 (antiaéreas) e oito de calibre 7,62. O Exército afirmou que os armamentos são inservíveis e que o Arsenal de Guerra é uma unidade técnica de manutenção. No entanto, isso não descarta a possibilidade de os equipamentos se tornarem operacionais novamente após reparos.

De acordo com integrantes do Exército, os armamentos têm manutenção extremamente complexa. Eles estavam no Arsenal de Guerra porque é essa a unidade responsável por esse serviço. O local é também responsável por “iniciar o processo de desfazimento e destruição dos armamentos que tenham sua reparação inviabilizada”.

Oficiais que acompanham a investigações disseram à Folha de S.Paulo que, até a manhã de terça, cerca de 40 militares haviam sido ouvidos no âmbito do inquérito militar. O objetivo, nesse primeiro momento, era delimitar o tempo em que as metralhadores podem ter sido furtadas ou desviadas.

A contagem das armas não é periódica e só é realizada quando algum militar precisa pegar o armamento para manutenção ou transporte. Por regra interna, após abrir o espaço em que as armas ficam guardadas, em cabides com trancas, o militar precisa fazer uma contagem do armamento e registrar o número em arquivos do Arsenal de Guerra.

A investigação é conduzida pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro e conta com o apoio do Comando Militar do Sudeste. No fim de semana, militares do Rio de Janeiro e do Distrito Federal estiveram no Arsenal de Guerra como parte da apuração. O Inquérito Policial Militar tem prazo de 40 dias e é conduzido sob sigilo.

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que, em razão do “evidente risco de desdobramentos para a segurança da população”, as polícias Civil e Militar trabalham para auxiliar na localização do armamento desaparecido, ainda que o Exército não tenha registrado boletim de ocorrência sobre o caso. “Estão sendo analisados registros digitais sobre veículos e pessoas nas vias próximas e de acesso ao local do crime com o objetivo de identificar alguma anormalidade de interesse policial.”

FÁBIO PESCARINI / Folhapress

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