SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Os eleitores de Salvador vão às urnas neste domingo (6) após uma campanha eleitoral morna e marcada pelo favoritismo do prefeito e candidato à reeleição, Bruno Reis (União Brasil).
Ele enfrenta nas urnas o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e o sindicalista Kleber Rosa (PSOL), que travam uma disputa pelo eleitorado de esquerda e pelo apoio do presidente Lula (PT).
Também concorrem em Salvador outros quatro candidatos desse campo político: Giovani Damico (PCB), Eslane Paixão (UP), Victor Marinho (PSTU) e Silvano Alves (PCO).
A possível vitória Bruno Reis deve consolidar a força do grupo liderado por ACM Neto (União Brasil) em Salvador, que caminha para 16 anos no comando da prefeitura. Também projeta o nome de Reis para voos mais altos nas eleições de 2026 ou 2030.
Caso saia vitorioso nas urnas, ele manterá uma tendência histórica em Salvador, que reelegeu todos os seus prefeitos desde a aprovação da emenda da reeleição, em 1998. Já foram reconduzidos para um segundo mandato Antônio Imbassahy, João Henrique Carneiro e ACM Neto.
Na campanha, Bruno Reis buscou destacar uma série de obras realizadas durante a sua gestão, incluindo hospitais, escolas, novas vias e escadarias, além de programas sociais, como a implantação de restaurantes populares.
Por outro lado, sua gestão foi alvo de críticas em áreas como ocupação urbana, meio ambiente e transporte público. O prefeito foi cobrado pelos problemas na frota de ônibus, incluindo a desativação de cerca de 700 linhas, e pelo controverso projeto do BRT, sistema de linhas exclusivas de ônibus com viadutos que custou R$ 795 milhões.
Outro ponto de críticas dos adversários foi a desafetação de 40 terrenos na capital baiana, incluindo áreas verdes, demandada em dezembro. A autorização para venda ou cessão das áreas foi concedida pela Câmara Municipal sob críticas de entidades da sociedade civil.
Mesmo tendo o PL em sua aliança, Bruno Reis buscou se distanciar do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem não fez referências em sua campanha. Seus oponentes, contudo, buscaram associar o prefeito ao bolsonarismo.
Seu principal adversário é Geraldo Júnior (MDB), que é vice-governador da Bahia e tem apoio formal do PT, mesmo sem um histórico de militância na esquerda em Salvador. Os petistas indicaram para vice a administradora Fabya Reis, que era secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social.
Durante a campanha, Geraldo foi questionado sobre a coerência de sua trajetória política, que inclui quatro mandatos na Câmara de Vereadores de Salvador. Ele foi aliado de Bruno Reis e ACM Neto entre 2013 e 2022, quando rompeu com o grupo para ser vice do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
A campanha também foi marcada pela ausência do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), que se manteve distante da disputa na cidade e não participou de nenhum ato de rua ao lado do aliado.
Kleber Rosa é sindicalista, investigador da Polícia Civil e buscou na campanha atrair um eleitorado de esquerda órfão de uma candidatura do PT. Na Bahia, o PSOL tem uma posição de independência em relação ao governo estadual, mas apoia Lula na esfera federal.
JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress