Sam Smith vai de baladas românticas a pista de dança sexy e no Lollapalooza

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um tanto mudou na vida de Sam Smith do momento em que tocou no Lollapalooza Brasil da última vez, em 2019, até a apresentação deste domingo, 24, no mesmo palco e horário daquele ano.

Na época, Smith já tinha a maior parte dos prêmios Grammy de sua carreira na prateleira e as canções românticas lançadas em seu primeiro álbum, “In the Lonely Hour”, de 2014, acomodadas no repertório do público do país.

Meses depois da apresentação no Lolla, no entanto, Smith declarou que era uma pessoa não-binária que gostaria de responder por pronomes neutros —ou seja, nada de “ele” ou “ela”.

Artisticamente, lançou dois novos álbuns, “Love Goes”, em 2020, e “Gloria”, do ano passado. Com este último viaja em turnê mundial e ganhou mais um Grammy pelo estrondoso sucesso do single em parceria com Kim Petras, “Unholy”.

No palco, essas mudanças se traduzem em performance, cenário, aparência e discurso. Smith cantou em um palco Samsung com um enorme corpo deitado de bruços de ponta a ponta, de onde sua banda tocava e por onde seus dançarinos circulavam. Na estrutura, apareciam escritas mensagens como “protejam as crianças trans” e “libertação”.

“Nem acredito que cinco anos desde que estivemos aqui. Queria agradecer por continuarem comigo. Muito aconteceu na minha vida e saber que vocês estão aqui é incrível”, disse na parte inicial da apresentação. “Esse show é sobre a liberdade de usar o que você quiser usar, cantar qualquer música que quiser cantar e ser o que você quiser ser.”

Smith começou o show com a sequência melódica “Stay With Me”, “I’m Not the Only One”, “Like I Can”, todas de seu celebrado primeiro álbum e que deram bastante espaço para mostrar logo de cara sua capacidade vocal, que fez o público vibrar a cada canção e acompanhar como em um grande karaokê.

A sensação é a de que Smith se mostrou mais confortável em seu próprio corpo enquanto trocava de figurinos, dançava e cantava músicas com temas como sexo, amor e identidade. Essa expansão também foi acompanhada pelo público, visivelmente maior e mais engajado que o da última apresentação no Brasil.

Na metade do show, deixou para trás as baladas românticas e as trocou para as da pista de dança. É que Smith tem um vasto repertório de hits de festa que começa já em sua primeira aparição na música, quando colaborou com o duo de música eletrônica Disclosure em “Latch”, e passa por parcerias com o DJ e produtor Calvin Harris como “Promises”, “I’m Not Here to Make Friends” e “Desire”.

Em “Gimme”, com Jessie Reyez, a artista que fez show no festival neste sábado, 24, subiu ao palco para cantar em meio a dançarinos que se beijavam. Smith ainda apareceu com a camisa do Brasil —e depois sem ela, assim como todos os seus dançarinos— para cantar o resto do setlist, que terminou com as mais recentes “Gloria” e “Unholy”.

Em uma edição de festival com poucas novidades, Smith mostrou que tem o que precisa para segurar a parte mais jovem do público do Lollapalooza —em qualquer uma de suas muitas versões.

LAURA LEWER / Folhapress

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