SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A possível venda do zagueiro Morato, do Benfica (Portugal), nesta janela de transferência não deve render nem um centavo aos cofres do São Paulo mesmo com o clube tendo direito a 15% do valor. Isso porque o time tricolor cedeu a porcentagem a que tem direito como garantia da dívida que possui com o empresário Giuliano Bertolucci.
O QUE ACONTECEU
O São Paulo deve R$ 45 milhões ao empresário Giuliano Bertolucci. O montante é referente à participações em negociações dos atletas Éder Militão, Antony, Thiago Mendes, Helinho e Vitor Bueno.
Como “vetor de amortização e aceleração de pagamento”, o clube assumiu a obrigação de repassar ao agente os valores que receber com a possível negociação futura de Morato. O São Paulo tem 15% da futura venda e também 1,6% referente ao mecanismo de solidariedade da Fifa.
O documento assinado por ambas as partes prevê que todo e qualquer valor que a transferência renda ao time paulista seja repassado ao empresário em 48h como pagamento da dívida existente. Caso o valor supere os R$ 45 milhões, o restante fica para o São Paulo. Caso o montante não atinja o valor total da dívida, o débito é amortizado no total recebido pela equipe.
Caso o clube não cumpra com o combinado, o débito total pode ter o vencimento antecipado acrescido de multa e juros. Se o prazo de 48h não for cumprido, a multa é de 2% ao mês; se ultrapassar 90 dias, o débito total será cobrado de forma antecipada acrescido de 10% de multa, 1% de juros ao mês e correção.
Morato está na mira do Fulham, segundo a coluna Mercado da Bola, do UOL, que acena com 25 milhões de euros (R$ 134,5 milhões). Deste valor, R$ 22,1 milhões caberiam ao São Paulo, mas o montante deve apenas reduzir a dívida com Bertolucci pela metade.
POR QUE O SÃO PAULO DEVE R$ 45 MILHÕES?
O empresário esteve nas negociações de Éder Militão com o Porto (Portugal), Antony com o Ajax (Holanda), Thiago Mendes com o Lille (França), e Helinho com o Red Bull Bragantino. Ele também participou de uma chegada: a contratação de Vitor Bueno junto ao Santos.
Militão. O acordo previa pagamento de 2 milhões de euros por intermediação e a esse valor somou-se um adicional de 1 milhão de euros quando o zagueiro se transferiu ao Real Madrid. O valor cobrado no processo hoje é de R$ 18,9 milhões.
Antony. O agente teria direito a 4,7% da transação, um total de 750 mil euros. O valor cobrado hoje é de R$ 4,5 milhões.
Thiago Mendes. Bertolucci teria direito a R$ 860 mil pela intermediação da venda. O montante foi dividido em cinco parcelas, das quais duas foram pagas. O valor cobrado hoje é de R$ 516 mil.
Helinho. O empréstimo do atacante ao Red Bull Bragantino renderia ao empresário 10% do montante pago pelo clube do interior, no valor de R$ 268 mil, mesmo valor que é cobrado hoje no processo.
Vitor Bueno. Na chegada do meia ao Tricolor, Bertolucci teria de receber R$ 750 mil a título de intermediação. O mesmo valor é cobrado no processo.
O valor total das dívidas citadas é de R$ 24,3 milhões, mas o valor a ser pago pelo Tricolor já chega a R$ 45 milhões. Isso porque no parcelamento da dívida incidem multas por atraso, juros mensais e correção de valores.
O São Paulo fez um acordo em 2020, mas não cumpriu com as parcelas acordadas. A gestão do atual presidente Julio Casares fez um novo trato logo que assumiu o clube.
O novo parcelamento, porém, também não foi cumprido. Por ele, o Tricolor teria de pagar parcelas de R$ 1,1 milhão ao mês a partir de janeiro deste ano até dezembro de 2025 em um total de R$ 41,8 milhões.
Procurado, o São Paulo afirmou que “não se pronuncia sobre casos na Justiça, mas está em avançada negociação para recompor o parcelamento da dívida”.
EDER TRASKINI E PEDRO LOPES / Folhapress