São Paulo tem mais de mil mortes por atropelamentos em 2024

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O estado de São Paulo superou a marca de mil pedestres mortos em 2024, segundo dados divulgados nesta terça-feira (22) pelo Infosiga, sistema do governo estadual de monitoramento da letalidade no trânsito.

No acumulado de janeiro a setembro, foram registradas 1.068 mortes de pedestres em todo o estado. O número é quase 18% maior que o do mesmo período do ano passado, com 906 óbitos.

É como se diariamente quatro pessoas, em média, morressem atropeladas nos municípios paulistas.

No geral, em todos os sinistros de trânsito, 4.605 pessoas morreram em São Paulo nos nove primeiros meses de 2024, alta de quase 20% na comparação com 2023 (3.869 óbitos).

Na capital os números também cresceram. Ao todo, foram 786 mortes em 2024 contra 638 no ano anterior, 23% a mais.

Em 2024, do total de mortos nas ruas paulistanas, 291 eram pedestres.

São essas vítimas do trânsito que chamam a atenção. “Os números confirmam uma tendência acentuada grave no aumento das mortes de vulneráveis”, afirma Sérgio Avelleda, coordenador do Núcleo de Mobilidade Urbana do Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper, que aponta queda na fiscalização.

Apesar da disparada nas estatísticas, o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) paulista afirma que trabalha para aumentar a segurança viária, por meio de ações para educação da população, fiscalização e criação de políticas públicas.

Desde o início de 2023, afirma, foram realizadas 15 campanhas educativas. Uma das mais recentes trata do respeito à faixa de pedestres e à necessidade de maior civilidade na convivência nas ruas.

“No Dia do Pedestre, em 8 de agosto, foram cerca de 200 ações educativas em mais de 120 municípios em todo o estado, que resultaram na abordagem de mais de 80 mil pessoas”, afirma.

Na capital paulista, a prefeitura afirma que para enfrentar os atropelamentos foram implantadas áreas calmas, nas quais a velocidade máxima é de 30 km/h, além de 12 mil faixas de pedestres. Também citou o aumento do tempo de travessia em mais de mil cruzamentos na cidade.

Um estudo divulgado em maio pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) já havia alertado para o problema, que também envolve motociclistas e ciclistas. Das mais de 260 mil internações hospitalares na rede pública por sinistros de trânsito listadas no levantamento, aproximadamente 196,5 mil eram do chamado grupo vulnerável.

A pesquisa não levava em conta pacientes em hospitais privados, nem atendimentos em prontos-socorros sem necessidade de internação.

Entre pedestres, a alta constatada pelo estudo de 2022 para 2023 foi de 6% —39,1 mil vítimas no ano passado contra 36,6 mil no ano anterior em todo o país.

Os atropelamentos, que vinham em queda até 2020, voltaram a crescer a partir da pandemia de Covid-19. Para o médico Flavio Adura, diretor-científico da Abramet, a distração pode ser uma das explicações. Ele cita o uso de celulares na hora de se atravessar uma rua, por exemplo.

“A sociedade também ficou muito ansiosa e deprimida com a pandemia e passou a usar medicamentos que prejudicam a direção e os pedestres”, disse, à época.

Entre as vítimas no trânsito, motociclistas lideram as estatísticas. Foram registradas 1.925 mortes de pessoas que se envolveram em acidentes com motos no estado de São Paulo e 355 na capital, quase metade dos óbitos (45%), aponta o Infosiga.

A Prefeitura de São Paulo cita que a principal causa de sinistros é o desrespeito à sinalização e às leis de trânsito pelos motoristas. E afirma que, dentre as infrações, a que gera consequências mais graves é o excesso de velocidade.

“O município mantém um índice de mortes no trânsito abaixo das médias nacionais e estadual e tem implementado uma série de medidas para evitar que ocorrências de trânsito façam vítimas e causem mortes, tornando o fluxo cada vez mais seguro”, acrescenta.

No caso das motos, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) afirma promover cursos de educação de trânsito gratuitos voltados para motociclistas e motofretistas.

Cita ainda a implantação da faixa azul para motos, que reduziu a gravidade de acidentes entre motociclistas. São mais de 200 km de sinalização no asfalto na cidade, diz.

“Também foi proibida a circulação de motos nas pistas expressas das marginais e implantadas mais de 700 frentes seguras [nos semáforos]”, afirma trecho da nota.

FÁBIO PESCARINI / Folhapress

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