São Paulo vive evento crítico de energia, diz chefe de agência após apagão

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Órgãos responsáveis pela fiscalização de distribuidoras em São Paulo, Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e Arcesp, agência correlata no estado, iniciaram os trabalhos para apurar a razão da demora no restabelecimento da luz em várias regiões após o temporal da sexta-feira (3).

Independentemente das conclusões, Sandoval Feitosa, diretor-geral da Aneel, afirma que empresas e diferentes órgãos de municípios, estados e do governo federal precisam se preparar para um ambiente climático mais adverso.

Com a tempestade, o número de mortos em todo o estado chegou a sete, das quais duas na capital. Segundo dados mais recentes, o total de domicílios afetados em algum momento após a chuva chegou a 4,2 milhões em todo o estado. Na manhã de domingo, quando foi emitida uma atualização, eram 4,1 milhões ainda sem luz. Cerca de 500 mil endereços iniciaram esta segunda ainda sem luz na capital paulista, segundo a própria Enel. Para esses paulistanos são quase 70 horas sem energia elétrica.

Nesta segunda-feira (5), Sandoval está em São Paulo para uma reunião sobre o tema e falou com a Folha por telefone antes do encontro.

“Considerando este ano já tivemos três grandes eventos, o do Rio de Janeiro e São Paulo no Carnaval, o do Rio Grande do Sul e, agora, mais este em São Paulo”, afirma Sandoval.

É preciso rediscutir o setor do ponto de vista urbanístico nas cidades, os aspectos de engenharia, a legislação, as normas regulatórias e as ações operacionais. Um exemplo é o traçado das redes. Em muitos centros urbanos é melhor o aterramento.”

As distribuidoras, especialmente a Enel, demonstraram muita dificuldade para religar a energia e também para atender os clientes e apresentar informações mais precisas sobre o que estava ocorrendo. Segundo especialistas da área de energia, essas deficiências podem indicar que equipes de atendimento, inclusive as de call center, estariam subdimensionadas.

De acordo com a Enel, cerca de 2.000 funcionários trabalham 24 horas nas ruas e a previsão é de que nesta terça (6) o serviço deve ser restabelecido.

Sandoval afirma que ainda não há informações suficientes para afirmar que falta de pessoal tenha agravado o problema. Ele reforça que ações coordenadas pesam muito em momentos críticos como os vividos em São Paulo neste final de semana.

“Quando acontece algo dessa proporção, há interdição de transporte, centenas de árvores de grande porte caem e levam junto redes inteiras. Tem de olhar com critério para avaliar o desempenho das distribuidoras nesse cenário”, afirmou.

“Muitas das vezes a distribuidora só pode trabalhar depois de sanadas interdições como essas. Esse é um trabalho exige a coordenação da estrutura de diversos entes de governo estaduais, municipais e federais, como corpo de bombeiros e defesa civil.”

Na regulamentação existe o chamado “dia crítico”, em que as condições de operação extrapolam adversidades consideradas normais. Uma chuva forte é previsível. Um ciclo tem outro tratamento. Ventos com mais de 100 km (quilômetros por hora), como os registrados na sexta, são uma excepcionalidade para os padrões de São Paulo.

Segundo Sandoval, a Aneel monitora as distribuidoras de São Paulo desde que foi informada de que estava ocorrendo um temporal no estado. Passado a chuvarada, as primeiras informações deixaram claro que o estrago era grande e a situação, caótico para o restabelecimento da energia em várias regiões. A Aneel, então, informou o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), que pediu agilidade nas ações para reestabelecer a energia e apurar os motivos da demora.

No sábado, uma das prioridades, conta ele, foi garantir energia para as 84 escolas que tinham sido afetadas pelo temporal. Onde não foi possível religar pela rede elétrica, em parceria com a prefeitura, a alternativa foi tentar ligar geradores. Em muitos locais, no entanto, parte do exame foi feita sem energia.

A angústia com a falta de energia foi tamanha que a volta da luz foi comemorada como final de campeonato de futebol na zona sul de São Paulo. Buzinas, gritos, apitos e panelaços marcaram as comemorações dos moradores pelo retorno da energia elétrica.

ALEXA SALOMÃO / Folhapress

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