BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O encontro de ministros da Saúde do G20 durante a semana resultou numa declaração de apoio a uma coalizão voltada para a produção local e regional de vacinas, diagnósticos, além de abordagens inovadoras para o tratamento de doenças negligenciadas.
Foram aprovadas nesta quinta-feira (31) duas declarações: uma com enfoque na interseção entre mudança climática e saúde, e outra de caráter geral, que aborda temas como a coalizão global, a valorização dos profissionais de saúde, o enfrentamento da Covid longa e a promoção da saúde digital.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que as doenças tropicais negligenciadas afetam 1,7 bilhão de pessoas no planeta e estão relacionadas a 200 mil mortes ou todos os anos. Entre elas estão dengue, doença de Chagas, hanseníase, malária.
Embora tenha sido estabelecida a criação dessa coalizão, os detalhes serão apresentados em um segundo momento.
“A gente já definiu o mais importante que é a coalizão e também os responsáveis, os papéis. Será feita uma chamada para definir projetos, linhas prioritárias. Vamos trabalhando dessa forma e divulgando a cada projeto aprovado. Mas é uma arquitetura para ficar, não é uma coisa desse momento”, disse a ministra Nísia Trindade.
Segundo a declaração sobre a coalização, o grupo será composto de maneira voluntária por países membros do G20, além de nações que não fazem parte do grupo e por organizações internacionais.
O grupo destacou na declaração a importância das parcerias público-privadas para o sucesso do projeto, enfatizando também a relevância do compartilhamento de conhecimentos e da transferência voluntária de tecnologia.
A declaração já indica que o Brasil assumirá a presidência da coalização nos próximos dois anos. Após esse período, a liderança será exercida de forma rotativa. Além disso, o documento destaca que o grupo deve ser sustentado por financiamento voluntário, sem a imposição de contribuições obrigatórias ou a criação de novos instrumentos financeiros.
Outro ponto abordado na declaração foi os desafios enfrentados relacionados a força de trabalho na saúde, que comprometem a capacidade dos sistemas de saúde de oferecer serviços e cuidados equitativos e acessíveis.
O documento destaca a urgência de implementar estratégias eficazes para gerenciar a migração da força de trabalho em saúde. Além disso, enfatiza a importância de fortalecer essas carreiras, garantindo remuneração justa e condições de trabalho adequadas, promovendo assim a retenção de profissionais.
Uma declaração específica abordou a mudanças climáticas e a saúde. A preocupação com eventos climáticos extremos–como ondas de calor, inundações, incêndios florestais e secas–foi destacada por impactar direta e indiretamente a saúde humana, elevando os riscos de doenças infecciosas.
Uma das propostas foi o compromisso dos membros do G20 em promover o desenvolvimento de tecnologias e produtos de saúde adaptados às condições climáticas e ambientais, com o objetivo adicional de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e fortalecer a capacidade adaptativa dos sistemas de saúde.
Além disso, o documento reafirma o compromisso de defender e implementar uma abordagem de Uma Só Saúde (One Health), incentivando ações intersetoriais para abordar lacunas de conhecimento e aprimorar a vigilância, prevenção, preparação e resposta a potenciais futuras emergências de saúde, além de combater a resistência antimicrobiana e as doenças infecciosas.
RAQUEL LOPES / Folhapress