RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Pela segunda vez consecutiva e em menos de dois anos, Marcos Palmeira, 60, é o protagonista de uma novela adaptada do texto original de Benedito Ruy Barbosa pelo neto dele, Bruno Luperi. Após o sucesso de José Leôncio em “Pantanal”, Marquinhos, como é chamado nos bastidores, entra em cena como José Inocêncio na segunda fase de “Renascer”.
Apesar das semelhanças entre as duas tramas rurais, ele diz não ver problema em voltar a interpretar um “coronel”. “Quando comecei a carreira na TV era o playboy carioca, me chamavam muito para esse tipo de papel. Depois, as pessoas diziam para eu ter cuidado para não ficar estigmatizado fazendo personagens rurais, que também fiz muito. Aí vieram os delegados”, comenta, rindo das lembranças. “O personagem é bom? Posso colaborar com ele? Vou lá e faço.”
O ator concorda que os dois “Zés” têm pontos em comum. “Eles andam muito próximos em suas essências: são pais de filhos que enjeitam, homens com amores não correspondidos… Estou muito envolvido”, pontua ator, que elege José Inocêncio como o mais próximo dele. “Ele bota a mão na massa, tem a mesma origem que eu, de uma região cacaueira, do Sul do Bahia. Não nasci lá, mas me criei na fazenda, nesse interior do Brasil, e tenho uma relação profunda com o cacau”, afirma.
Palmeira só ressalva que é “muito louco” ver outro ator dando vida a João Pedro, seu personagem há 30 anos, vivido por Juan Paiva na nova versão. “Só Freud explica”, brinca. “O Antonio Fagundes [que protagonizou a primeira versão] tinha 43 anos quando fez o José Inocêncio, e eu tinha 30 quando fiz o João Pedro. O Juanzinho tem 25 anos. Ele é um grande parceiro de cena”, elogia. “[Mas], às vezes, olho para ele em uma cena e penso que já fiz aquilo ali, é uma viagem no tempo, algo inexplicável, é interessante reviver tudo isso.”
O ator também comentou o sincretismo religioso de seu personagem, que diz ter o “corpo fechado” por causa dos pactos com Deus, o Diabo e um Jequitibá. “Acredito em energia, que vibramos o tempo todo e recebemos o que damos. Acredito nessa troca”, comenta. “Não tenho uma religião, mas respeito todas elas. E o meu corpo é aberto para tudo, para a vida, não tenho compromisso com a eternidade, como dizia o meu avô.”
ANA CORA LIMA / Folhapress