SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os protestos contra a megadesregulação da economia, anunciada pelo presidente Javier Milei, tomaram as ruas de várias cidades da Argentina na noite desta quinta-feira (21). Convocados pelas redes sociais, manifestantes fizeram panelaços pelo segundo dia consecutivo.
As maiores manifestações ocorreram em Buenos Aires, Rosário e La Plata. Em Córdoba, houve confronto entre participantes do protesto e a polícia. Com a área comercial da cidade tomada por manifestantes, a presença policial aumentou, o que elevou o clima de tensão.
Segundo o jornal “La Voz”, os agentes fizeram cordões de isolamento para tentar conter a marcha e permitir a circulação de veículos. Manifestantes atiraram objetos nos policiais e gritaram “fora, fora”. A polícia usou gás lacrimogêneo para conter a multidão e prendeu cinco pessoas.
Em Buenos Aires, o protesto reuniu sindicalistas, funcionários públicos e desempregados, sob forte presença policial. Os manifestantes exigem apoio financeiro maior para os mais pobres.
“É uma mobilização pacífica. Não queremos nenhum tipo de confronto. Não queremos nenhum tipo de choque”, disse Eduardo Belliboni, líder do grupo de esquerda Polo Obrero, que convocou o protesto, a uma rádio local.
Durante a noite, panelaços foram ouvidos em vários bairros de Buenos Aires, como Caballito, Belgrano e Almagro, segundo o jornal Clarín.
Em Mar del Plata, as ruas foram tomadas ao som de apitos, panelas e canções de protesto.
Milei admitiu que algumas medidas são “antipáticas”, mas argumentou que “60% do ajuste desta vez incide sobre o Estado”. Na noite de quarta (20), ele já havia prometido enviar nos próximos dias um pacote de leis ao Congresso.
“Os deputados e senadores terão que enfrentar a responsabilidade histórica de escolher entre fazer parte dessa mudança ou obstruir o projeto de reformas mais ambicioso dos últimos 40 anos”, discursou.
A oposição indica que vai judicializar a questão, e sindicatos começam a falar em grandes paralisações.
O novo governo, empossado em 10 de dezembro, buscou minimizar as manifestações contrárias.
“Pode ser que haja pessoas sofrendo de síndrome de Estocolmo, que estão apaixonadas pelo modelo que as empobrece”, disse o presidente na entrevista, acrescentando que “também há pessoas que olham com nostalgia, amor e carinho para o comunismo”.
Redação / Folhapress