SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os resultados do segundo turno das eleições municipais de 2024 na Grande São Paulo confirmaram o domínio do centrão nas prefeituras deste que é um dos maiores colégios eleitorais do país apenas o estado de Minas Gerais é mais populoso que a região metropolitana de São Paulo, onde moram 20 milhões de pessoas.
Das sete cidades nas quais havia disputa neste domingo (27), o MDB venceu em São Paulo e Diadema; o Republicanos levou Barueri; União Brasil foi vencedor em Taboão da Serra e Podemos elegeu seu candidato em São Bernardo do Campo. Mauá foi a única cidade a permanecer na mão do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o prefeito de Diadema, José de Filippi Jr., não conseguiu se reeleger. Em Guarulhos, o PL venceu.
Depois de sair do primeiro turno sem nenhuma vitória, o PT corria o risco de ficar sem prefeituras na Grande São Paulo, berço político da sigla a reeleição de Marcelo Oliveira em Mauá evitou esse cenário. Agora, esta será a única cidade governada pelo partido de Lula na região pelos próximos quatro anos.
O enfraquecimento do PT na Grande São Paulo não é novidade e acompanhou o declínio do partido após o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e a ascensão do antipetismo mas as esperanças do partido de retomar força política esse ano, com a volta de Lula ao Palácio do Planalto, foram frustradas.
Exemplo disso foi o fato de que o candidato do PT em São Bernardo do Campo, cidade histórica para o partido e onde Lula vota, não conseguiu sequer chegar ao segundo turno. O deputado estadual Luiz Fernando Teixeira terminou o primeiro turno com 23% dos votos, o mesmo desempenho que a sigla teve em 2020.
Em vez disso, a disputa ficou entre o ex-vice-prefeito Marcelo Lima (Podemos) e o deputado federal Alex Manente (Cidadania), que tinha o apoio de Bolsonaro. Neste domingo, Lima venceu com 55% dos votos contra 44% de Manente.
O PT também sofreu uma derrota amarga em Diadema, onde seu candidato foi derrotado por Taka Yamamuchi (MDB), nome apoiado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Yamamuchi teve 52% dos votos contra 47% de Filippi Júnior, atual prefeito. Na reta final da campanha, Tarcísio chegou a participar de uma caminhada com o emedebista pelas ruas de Diadema.
O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, que no primeiro turno conquistou oito prefeituras da região, obteve sua joia da coroa neste domingo com a vitória do vereador Lucas Sanches sobre o ex-prefeito Elói Pietá (Solidariedade) em Guarulhos, a cidade mais populosa (1,2 milhão de habitantes) e com um dos maiores PIB da região depois da capital.
Sanches, que tem 28 anos, foi vitorioso apesar do apoio tardio tanto de Bolsonaro quanto de Tarcísio. Os dois nomes fortes da direita nacional, assim como o atual prefeito de Guarulhos, Guti (PSD), apoiaram o candidato Jorge Wilson (Republicanos). A aliança não surtiu efeito, e Wilson ficou em terceiro lugar no primeiro turno.
Além da eleição de Sanches, o triunfo de Ricardo Nunes (MDB) é uma vitória principalmente para Tarcísio, principal apoiador e cabo eleitoral do prefeito de São Paulo. Bolsonaro teve um envolvimento envergonhado na corrida e viu seu eleitorado se dividir no primeiro turno entre Nunes e o ex-coach Pablo Marçal (PRTB).
Com a dominância do centrão consolidada na Grande São Paulo, esse bloco de partidos governará 24 dos 39 municípios, refletindo sua força no Congresso Nacional. Contando o primeiro turno, o Podemos venceu sete municípios, incluindo Osasco; o PSD, de Gilberto Kassab, cinco; o MDB terá seis, incluindo a capital; o Republicanos tem quatro, e o União Brasil, dois. O PL de Bolsonaro terá nove prefeituras na mão, e as restantes serão governadas por PT, PSDB, PDT, PP, PSB e Solidariedade.
A campanha do segundo turno na Grande São Paulo também foi marcada pela tentativa de assassinato contra o prefeito de Taboão da Serra, Aprígio (Podemos), baleado com um tiro de fuzil no dia 18 de outubro. O prefeito acabou perdendo a reeleição: foi derrotado pelo candidato Engenheiro Daniel (União Brasil) por 66% dos votos contra 33%.
VICTOR LACOMBE / Folhapress