SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Moradores de São Paulo estão recorrendo a alternativas para tomar banho e se alimentar em razão da falta de energia elétrica. Esta segunda-feira (14) marca o terceiro dia de apagão e, segundo a Enel, 430 mil imóveis continuavam sem luz na capital, Cotia, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo até o início da tarde.
De acordo com a empresa, o serviço foi normalizado para 1,6 milhão de clientes e as equipes em campo receberam reforços do Rio de Janeiro e do Ceará.
Como pedir a remoção de árvores? E restabelecimento de energia? Confira as regras O motorista por aplicativo Fernando Simões, 41, que mora na Vila Clara, zona sul, teve de procurar alternativas para a falta de luz.
“Saí de casa com algumas coisas de geladeira e levei para a casa da minha mãe em São Bernardo do Campo para não perder tudo. A energia voltou na casa dela no sábado”, contou.
Os filhos, de 7 e 9 anos, estão ficando na casa da avó.
“A gente também ficou sem água. Voltou hoje depois das 10h. A gente passou o final de semana fora, indo na casa do pessoal para tomar banho. A gente está se virando assim. Se a gente não tivesse parente não teria o que fazer”, afirmou.
Ele cobra responsabilidade da empresa e do governo.
“Acho que tinha que ter um pouco mais de responsabilidade do governo e da empresa. Não é a primeira vez que isso acontece. Eles têm de tomar providência com relação a essas coisas e prever esses acontecimentos para que essa situação não volte a acontecer”, disse.
A artesã Dayse Mary, 47, que mora no Jardim Santa Cruz, em Taboão da Serra, também tem sofrido com a falta de energia elétrica.
“Eu perdi todos os alimentos da geladeira. A gente está tomando banho frio. Estamos racionando velas aqui na família porque está impossível comprar vela e gelo. Não se acha nada aqui perto. Parece até que estamos passando por um momento de guerra”, disse.
Para não ficar sem comunicação, ela se desloca até a casa do filho, no bairro Campo Limpo, zona sul, para recarregar o celular.
A alimentação da família também teve de ser alterada.
“A gente cozinha apenas o que já vai comer porque não tem geladeira. Os açougues aqui perto estão fechados também, então estamos recorrendo a ovos, sardinha, linguiça calabresa, coisas desse tipo”, afirmou Dayse.
A Enel foi procurada para uma previsão de religamento da energia nesses dois locais, mas não respondeu até a publicação deste texto.
No Jardim Catanduva, região do Campo Limpo, os moradores do condomínio Morumbi Sul tiveram de usar baldes para buscar água no pátio.
João Nunes, morador do condomínio, disse que várias pessoas idosas e com dificuldades de locomoção moram no no local.
“O pessoal teve de descer com baldes para pegar água para usar no banheiro, para usar para tudo né. Sem energia não tinha como jogar água para cima, na caixa”, disse.
De acordo com ele, a energia foi restabelecida no local por volta das 11h desta segunda.
Os problemas no fornecimento de energia afetam o funcionamento de estações elevatórias e boosters, equipamentos que transportam a água para locais mais altos.
Nessa segunda, o impacto da falta de energia na distribuição de água ocorre em regiões de São Paulo, Cotia, Santo André, Embu das Artes, Cajamar e Mauá.
Veja os bairros afetados
Capital paulista: Americanópolis, Vila Clara, Capão Redondo, Pirajussara, Jardim Mimás, Jardim Aeroporto, Jardim Antártica, Jardim Peri, Jardim Peri Alto e Jardim Santa Cruz;
Cotia: Jardim Atalaia; Santo André: Jardim São Gabriel, Jardim Santo André, Jardim Marek, Jardim Santo Antônio de Pádua e Cidade São Jorge;
Cajamar: Jordanésia;
Embu das Artes: Jardim Vila Alegre;
Mauá: Zaíra, Vila Tavares, Sítio Bela Vista, Jardim Cruzeiro, Jardim São Gabriel, Jardim Miranda D’Aviz, Jardim Paranavaí, Jardim Alto da Boa Vista, Jardim Zaíra-Macuco, Jardim Zaíra, Parque das Américas.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress