Sertanejo identitário de Ana Castela não decola no Festival de Verão Salvador

SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Não é difícil saber que Ana Castela vai se apresentar em um festival. Seja na Festa do Peão de Barretos, meca do sertanejo, no Rock in Rio, onde estreou no ano passado, ou neste sábado (25), no Festival de Verão Salvador, há sempre um punhado de crianças com chapéu de boiadeiro à espera dela.

Segunda atração do primeira dia do evento na capital baiana, a cantora fez a alegria de várias boiadeirinhas, a maior parte delas na grade, bem perto do palco. Mas não dá para dizer o mesmo em relação aos adultos.

Entre os artistas mais ouvidos do país no streaming nos últimos anos, Castela encontrou uma plateia pouco familiarizada com seu repertório. Ela até aproximou sua sonoridade da cultura baiana, com uma percussão mais evidente que de costume em seus shows, mas não foi suficiente.

A falta de apelo pode ser explicada pelo histórico do Festival de Verão, mais atrelado à música baiana, em especial o axé, e a gêneros como o rock, MPB, pop e reggae, entre outros. Neste ano, como nos últimos, Ivete Sangalo, Bell Marques, Daniela Mercury e BaianaSystem estão entre as principais atrações do evento.

Também pode pesar o caráter identitário de suas letras, muito atreladas a um estilo de vida específico. Em “Dona de Mim”, de pegada feminista, Castela disse que sua mãe a criou para ser “dona de fazenda, dona de gado e dona de mim mesma”.

É bem verdade que Ana Castela não tem muito do sertanejo mais tradicional. A cantora despontou como a maior estrela do agronejo, estilo que traz letras sobre a vida e a moda da roça, muitas vezes falando de ostentação, com batidas de funk e de pop.

Ela emendou seus sucessos nesse estilo logo de cara, com “Pipoco” e “As Menina da Pecuária”. Seguiu com o repertório de paquera, bebedeira e curtição sertanejos, com “Palhaça”, “Bombonzinho”, “Roça em Mim”, “Alerta de Golpe”, “Canudinho” e “Boiadeira”, entre outras.

Em certa altura, ela recebeu o rapper Xamã no palco. Eles cantaram juntos a edição do projeto “Poesia Acústica” de que Castela participa, e o carioca emendou seu maior hit, “Malvadão”.

Ainda assim, o show nunca chegou a fazer a plateia, que não ficou completamente lotada, decolar. Em “Tô Voltando”, que narra a história de uma pessoa do campo que não se adaptou à vida na cidade, a cantora notou a falta de engajamento. “Quem não souber cantar não tem problema, só ergue a mão para participar do vídeo”, disse.

Ana Castela ainda emendou uma sequência de românticas, que incluiu “Fronteira”, gravada em dueto com seu ex, Gustavo Mioto, e “Deja Vu”, de Luan Santana. Retomou a sofrência depois com “Nosso Quadro” e “Solteiro Forçado”.

Ela encerrou com suas músicas mais funkeiras, incluindo “Jet em Balneário”, ode ao verão de pegação e luxo em Balneário Camboriú, “Dia de Fluxo” e “Ram Tchum”.

LUCAS BRÊDA / Folhapress

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