WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O Serviço Secreto voltou a ser foco de críticas nos Estados Unidos após Donald Trump ser alvo de uma aparente nova tentativa de assassinato no domingo (15) enquanto jogava golfe em West Palm Beach, na Flórida.
Agentes identificaram uma pessoa com um fuzil antes que o atirador pudesse efetuar disparos, mas o fato de o suspeito Ryan Wesley Routh, 58, ter conseguido chegar tão perto de Trump, entre 360 e 460 metros, renovou os questionamentos sobre a atuação da agência responsável pela segurança de presidentes, ex-presidentes e suas famílias.
Em uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (16), o diretor interino do Serviço Secreto, Ronald Rowe, deu mais detalhes do caso, dizendo que Routh não chegou a ter Trump em sua linha de visão, e afirmou que as metodologias da organização foram eficientes.
Routh foi indiciado na segunda por dois crimes: posse de arma de fogo (ilegal para pessoas com ficha criminal, como é o caso dele) e por ter uma arma de fogo com um número de fabricação apagado. Novas acusações ainda podem ser feitas contra ele à medida que as investigações avançarem.
Segundo o indiciamento, ele esteve nas proximidades do campo de golfe de Trump por pelo menos 11 horas antes de ser percebido.
“Uma coisa que eu quero deixar clara é que o Serviço [Secreto] precisa de mais ajuda, e eu acho que o Congresso precisa responder às necessidades se eles de fato precisam de mais pessoal”, afirmou o presidente Joe Biden nesta segunda (16).
O Serviço Secreto já é alvo de uma força-tarefa formada por deputados, que investigam a falha que permitiu que um homem atirasse contra Trump, atingindo de raspão a orelha do empresário, durante um comício em Butler, na Pensilvânia, em 13 de julho.
O republicano Mike Kelly, que coordena o grupo, e o democrata Jason Crow divulgaram uma nota conjunta em que afirmam ter solicitado uma reunião com a agência sobre o novo ataque.
Segundo a CNN, Trump tinha um encontro marcado ainda nesta segunda com o diretor interino do Serviço Secreto, Ronald Rowe a antecessora no cargo, Kimberly Cheatle, caiu em razão da pressão sofrida após o ataque de julho.
Em paralelo, o governador da Flórida, o republicano Ron DeSantis, afirmou no X que o estado vai conduzir uma investigação própria sobre o ataque. “O povo merece a verdade sobre o pretenso assassino e como ele foi capaz de chegar a 460 metros do ex-presidente e atual candidato republicano”, afirmou.
Nesta segunda, DeSantis um ex-rival de Trump na corrida pela nomeação do partido, levantou suspeitas sobre um possível conflito de interesses do Executivo federal, uma vez que o empresário é alvo de dois processos criminais movidos pelo Departamento de Justiça do governo Biden.
Um deles tramitava na Flórida, até ser arquivado pela juíza que o supervisionava, em um gesto surpreendente. A procuradoria recorreu da decisão.
“As mesmas agências que estão processando Trump naquela jurisdição vão agora investigar isso? Talvez não seja a melhor coisa para o nosso país”, disse.
O secretário de Justiça americano, Merrick Garland, disse nesta segunda que seu departamento usará todos os recursos disponíveis na investigação do caso.
A quantidade de agentes que acompanham Trump foi ampliada após o primeiro ataque, mas o número ainda é inferior ao contingente que faz a segurança de um presidente em exercício. “Se ele fosse [o atual presidente], nós teríamos cercado todo o campo de golfe”, exemplificou o xerife Ric Bradshaw, do condado de Palm Beach, durante uma coletiva no domingo.
“Mas, como ele não é, a segurança é limitada às áreas que o Serviço Secreto julga possíveis”, completou.
Também nesta segunda, o Serviço Secreto disse estar ciente de uma publicação do bilionário Elon Musk, dono do X. Falando sobre o incidente com Trump, Musk escreveu: “e ninguém está nem tentando assassinar Biden e Kamala [Harris]”. Musk foi criticado por usuários de direita e esquerda do X, que disseram que o comentário poderia incitar violência contra o presidente e a vice-presidente dos EUA. Ele posteriormente pagou o post.
FERNANDA PERRIN / Folhapress