Servidores ambientais em 10 estados aprovam indicativo de greve

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após o governo federal indicar o fim das negociações com servidores da área ambiental, escritórios regionais da categoria em pelo menos dez estados aprovaram indicativo de greve.

Desde o início do ano, os servidores reduziram o ritmo das atividades, como a avaliação de pedidos de licenciamento e ações de fiscalização, em meio ao pleito por melhorias no salário e no plano de carreira.

No último dia 7, o MGI (Ministério da Gestão e Inovação) informou os servidores da área ambiental que não iria mais fazer propostas para a reestruturação de carreira no setor, e indicou que a mesa de negociação está encerrada.

Nesta semana, a Ascema (associação nacional dos servidores da área ambiental) definiu que as unidades estaduais deveriam decidir até esta sexta-feira (14) se vão aderir ao indicativo de greve da categoria.

Os trabalhadores de Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraíba, Espírito Santo, Pará, Acre e Rio Grande do Norte aprovaram indicativo de greve a partir do dia 24 de junho, enquanto para Distrito Federal, Santa Catarina e Bahia a data acordada é 1º de julho.

Servidores do Ceará não aprovaram o indicativo de greve. Os demais estados devem decidir sobre a questão até o final desta sexta.

No Rio de Janeiro, os servidores do Ibama cuidam de licenças para a indústria do petróleo e a greve deve afetar diversas empresas do setor, incluindo a Petrobras.

“A falta de diálogo por parte do governo nos levou a esta paralisação, que infelizmente aprofundará os já significativos impactos em diversos setores, especialmente no de petróleo e gás”, disse em comunicado o diretor da Asibama-RJ (sindicato dos servidores ambientais no Rio), Leandro Valentim.

Até agora, a desaceleração nas atividades já teve efeitos em toda a economia brasileira, desde projetos de energia até importações de veículos. Em maio, a Petrobras disse que os atrasos no licenciamento poderiam impactar cerca de 2% da produção anual da empresa se persistirem.

Os servidores também são responsáveis pela fiscalização de crimes ambientais, como desmatamento ilegal, e atuam na prevenção e controle de incêndios florestais, que já vêm crescendo no pantanal e na amazônia. Para os próximos meses, é esperada uma seca severa, que pode ter consequências tão fortes como as chuvas do Rio Grande do Sul.

A demanda pela valorização dos profissionais do Ministério do Meio Ambiente, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e SFB (Serviço Florestal Brasileiro) vem desde o início do terceiro governo de Lula.

A proposta mais recente do MGI foi feita no início de abril. Ela foi acompanhada, informalmente, do aviso de que seria a última cartada do Executivo; caso não fosse aceita, o governo romperia a mesa de negociação.

O novo plano de carreira sugerido pelo governo não agradou aos servidores, que, já na época, apontaram problemas. O maior deles foi uma redução de até 6% no salário de novos ingressantes na categoria, segundo um cálculo feito pela Ascema.

O governo fala em um reajuste de 20% a 30% da remuneração geral para o setor. A associação contesta esses números e alega que ele varia, na verdade, de 19% a 26%.

Redação / Folhapress

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