Show da MPB no Rock in Rio começa estranho, mas decola na mão dos baianos

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Depois de um fim de tarde de Rock in Rio regado ao samba de nomes como Zeca Pagodinho, Alcione, Diogo Nogueira e Maria Rita –e um atraso após o outro–, Ney Matogrosso subiu no palco sob uma fina chuva, a primeira deste Rock in Rio, para começar o show “Para Sempre MPB”.

A apresentação continuou a programação deste sábado, 17, dedicado inteiramente à música brasileira, e mudou de horário duas vezes depois de falhas técnicas no show que reuniu cantores de trap mais cedo.

Ney Matogrosso foi o responsável por dar as boas vindas a um público vestido com capas de chuva e bem menor que o típico para o horário, mas que aos poucos tomou forma.

O artista, que faz um show solo neste domingo, 22, no festival, abriu o especial com “Poema”, canção escrita por Cazuza e lançada por ele em 1999.

Depois veio a “Balada do Louco”, sucesso de 1972 dos Mutantes, e “Pro Dia Nascer Feliz”, do Barão Vermelho, eternizada pela banda em um dos dias mais marcantes da estreia do Rock in Rio, em 1985 –o anterior à eleição de Tancredo Neves que pôs fim à ditadura militar. Ney também tocou a música na mesma ocasião

O artista abriu espaço para Zeca Baleiro, que cantou “Heavy Metal do Senhor”, “Telegrama” e “Proibida pra Mim”, escrita por Chorão, lançada por Charlie Brown Jr. e gravada por Baleiro em 2000.

Gaby Amarantos entrou em seguida no palco acompanhada de dançarinos que seguravam bandeiras do Pará e cantando seu hit “Ex Mai Love”. “Eu sou a primeira paraense a pisar no palco principal do Rock in Rio”, disse, e pediu aplausos para a cena de Belém de Pará, principalmente as mulheres.

O discurso vem depois de uma polêmica envolvendo a primeira versão do lineup deste “Dia Brasil”, que levantou críticas por não ter representantes da música feita no Norte do país.

A artista ainda cantou “Não Vou te Deixar”, de seu “TecnoShow”, álbum de 2022 que lhe rendeu um Grammy Latino, “Me Libera”, clássico do tecnomelody de 15 anos atrás da banda Djavú, e “Xirley”, ao lado de Majur.

Foi a artista baiana que comandou o bloco seguinte do show, com suas músicas “Africaniei” e “Andarilho”, desconhecida, mas aplaudidas, pelo público do Rock in Rio.

Ela fez um discurso pelos direitos LGBTQIA+ antes de cantar no piano “AmarElo”, canção de Emicida que sampleia Belchior e foi um dos grandes hits de 2019, com a participação dela e de Pabllo Vittar.

A versão emocionante foi, logo depois, tomada pela energia dos também baianos do BaianaSystem, que em 20 segundos de “Capim Guiné” já comandaram a primeira roda de pogo que é clássica dos shows do grupo –e que se repetiriam várias vezes em “Lucro” e “Forasteiro”.

Foi, de longe, o bloco mais animado do show, que viu uma debandada de seu público à medida em que Carlinhos Brown assumia a apresentação, que também conseguiu animar a plateia.

Brown dedicou seu repertório a canções como “Uma Brasileira”, composta com Herbert Vianna e clássico dos Paralamas do Sucesso, “Já Sei Namorar”, de seus colegas Tribalistas, e “A Namorada”, que motivou mais um discurso pelos direitos LGBT+.

Foi curioso ver o artista sendo celebrado no palco no aniversário das quatro décadas do festival em que foi vaiado em 2001.

O percussionista botou o público para correr de um lado para o outro e incentivou rodinhas, esquentando o público para a entrada de Daniela Mercury, com o microfone desligado no comecinho de “Rapunzel” –de novo, mais rodas.

Apesar de alguns problemas técnicos, Daniela, uma das rainhas do Carnaval baiano, animou o público disparando hits como “Nobre Vagabundo”, “Ilê Pérola Negra” e “Macunaíma”, quando ela falou sobre a Amazônia e os direitos indígenas. A apresentação acabou com “O Canto da Cidade”, dedicada ao Rio, e Daniela saudando a música popular brasileira.

No fim das contas, o show da MPB foi divertido de se assistir e uma boa oportunidade para ouvir clássicos e ver gente importante da música dividindo o palco.

A cola entre as atrações, meio truncada no começo, ganhou vida quando o bloco de artistas baianos passou a se encontrar, unindo repertórios que ajudaram a contar bem parte da história da música brasileira.

Ora com clima de pocket shows, ora com energia de festa de firma e principalmente de Carnaval, foi um experimento que provavelmente só caberá nesta edição especial de 40 anos de Rock in Rio –mas que foi bom enquanto durou.

LAURA LEWER / Folhapress

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