SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O fim de expediente desta quinta-feira (29) na Faria Lima, avenida paulistana sinônimo do mercado financeiro do país, em Pinheiros (zona oeste), ganhou cara de festa eletrônica com uma apresentação gratuita de Alok, o DJ brasileiro mundialmente famoso.
Evento promocional fechado para 4.000 pessoas em um dos terrenos cercados com tapumes –há vários semelhantes devido à demolição de edificações que darão lugar a novos prédios–, o show atraiu curiosos que deixavam os escritórios no início da noite. Também chamou a atenção de moradores e, por contraditório que pareça, melhorou o trânsito no início da noite.
Trabalhadores que tomaram conhecimento do evento nesta tarde decidiram sair mais cedo para escapar do trânsito. “Resolveram terminar o expediente em home office”, contou o diretor financeiro Tuffy Resgalla, 32.
Surpreendido pela vista da montagem do palco pela janela da empresa, o economista Lucas Tadeu, 29, resolveu ficar e matar a curiosidade. “Eu curto, mas não é o som que costumo ouvir.”
Surpresos também ficaram os vizinhos, que usaram os grupos de WhatsApp para avisar sobre o esperado caos no trânsito, que não aconteceu, conta a comerciante Neyde Rinaldi, 79. “Então eu decidi vir até aqui. Já avisei minhas filhas para que não fiquem preocupadas.”
Dilma Leite da Silva, 90, desistiu do carro e teve a sua cadeira de rodas empurrada pela filha, a advogada Rosângela da Silva, 54, para chegar à clínica onde faz fisioterapia.
Decidiram parar na calçada próximo à escultura gigante de baleia metalizada, que é um dos símbolos da avenida, bem em frente ao palco, para ver o artista pelos telões. “Eu queria falar com ele”, revela Dilma. Ela é fã, conta a filha Rosângela.
Com a entrada de Alok no palco, por volta das 19h30, o público aumentou e as pessoas que estavam sobre a ciclovia passaram a ocupar três faixas da Faria Lima no sentido Pinheiros.
Fãs mais animados avançavam e dançavam perto dos carros. O trânsito seguia fluindo, mas alguns motoristas às vezes paravam para participar por alguns minutos. Isso criava um gargalo, mas rapidamente dissipado. Polícia Militar e CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) davam apoio, e os agentes de trânsito apressavam os motoristas com sinalizadores luminosos.
Analista financeiro que trabalha na região, Sabrina Marques, 27, também não soube com antecedência, mas optou por atrasar o retorno para casa no Sacomã (zona sul) ao passar em frente ao palco.
Decisão igual à do engenheiro Bernardo Machado, 25, que passeava em um shopping próximo quando percebeu a movimentação. “Eu gosto bastante dele [Alok], mas foi sorte, eu estava só passando”, diz.
Diante da avenida colorida pelas luzes piscantes, a massoterapeuta Denise Rosseto, 43, lembrou que a chance de ver o artista de graça, mesmo de longe, pode ser rara. “Um show dele custa caro.”
A apresentação foi encerrada por volta das 20h40.
CLAYTON CASTELANI / Folhapress