SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Símbolo do home office na pandemia, Zoom quer volta da equipe aos escritórios, mais ricos aumentam investimentos em títulos isentos de IR, e outros destaques do mercado nesta terça-feira (8).
**ZOOM CHAMA FUNCIONÁRIOS PARA O PRESENCIAL**
O Zoom, plataforma de videoconferência que virou símbolo do home office durante a pandemia, pediu para que seus funcionários voltem ao trabalho presencial no formato híbrido, mostra o New York Times.
A companhia confirmou ao jornal a solicitação aos trabalhadores que estão a 50 milhas (cerca de 80 quilômetros) dos escritórios para que retornem pelo menos dois dias por semana até o final do mês que vem.
A decisão do Zoom encontra eco em outras empresas do setor que tentam convencer seus funcionários a voltarem ao trabalho pelo menos por alguns dias, caso de Google, Salesforce e Meta.
RELEMBRE
A plataforma saiu dos 10 milhões de usuários em 2019 para 300 milhões em 2020, quando se tornou o app mais baixado do ano na loja da Apple.
Ela ficou tão popular no período que até deu nome à exaustão causada pelo acúmulo de chamadas em vídeo ”Zoom fatigue”.
Neste ano, na volta gradual das pessoas ao trabalho, a plataforma não escapou da onda de demissão em massa que atingiu as empresas de tecnologia e anunciou o corte de 15% do seu pessoal, cerca de 1.300 funcionários.
As ações da companhia chegaram a bater em US$ 478 em novembro de 2020, mas hoje valem cerca de US$ 68, próximo ao patamar pré-pandêmico.
MAIS SOBRE O ZOOM
A atualização nos termos de uso da plataforma desta segunda prevê que a empresa tenha o direito de treinar modelos de inteligência artificial com informações de usuários.
A autorização inclui email, datas e participantes das reuniões e dados de voz e imagem dos participantes de videoconferência.
Em nota, a empresa afirma que o trecho se refere apenas a quem optar por usar recursos de inteligência artificial disponíveis no programa de videoconferência, como o assistente virtual Zoom IQ.
**REAL DIGITAL VIRA DREX**
O Banco Central disse nesta segunda que sua moeda digital que vinha sendo chamada de real digital vai ter o nome de Drex.
A ideia foi juntar as palavras “digital”, “real”, “eletrônico” e “transação” em um nome sonoro, como o Pix, segundo o órgão.
ENTENDA
O Drex não é exatamente uma criptomoeda, como o bitcoin e o ether. Ele ficará concentrado nas transações entre o BC e as instituições financeiras, que, por sua vez, vão criar tokens lastreados ao real digital.
São esses tokens que chegarão às carteiras dos clientes. A função deles é garantir a posse e características de determinado ativo, como um empréstimo ou até uma obra de arte.
Alguns exemplos práticos de uso do Drex:
↳ Contratos inteligentes: a moeda digital do BC poderá ser usada em transações comuns aos brasileiros, como em um empréstimo ou na venda de um carro.
– Quando o comprador fizer o depósito do valor, automaticamente é efetivada a transferência do registro do veículo, o que gera segurança e agilidade ao processo.
↳ Dinheiro programável: os pais de uma criança ou adolescente podem transferir a mesada e atrelar seu gasto apenas para um determinado fim, como alimentação ou atividades culturais, por exemplo.
CRONOGRAMA
Por enquanto tudo ainda está em fase de testes entre o BC e as instituições financeiras, processo que deve ir até fevereiro do ano que vem.
O piloto checa a viabilidade e a privacidade da plataforma utilizada (Hyperledger Besu, baseada na ethereum) e simula a troca de dinheiro envolvendo o Drex e os ativos tokenizados.
A expectativa é que no fim do próximo ano ou no início de 2025 clientes reais possam fazer as primeiras operações (ainda em modelo de testes).
**PROCURA POR TÍTULOS ISENTOS AUMENTA**
Em meio às discussões envolvendo tributação de fundos exclusivos e a cobrança de IR (Imposto de Renda) sobre dividendos, os mais ricos têm investido cada vez mais em títulos que são isentos da mordida do Leão da Receita.
É o caso de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRAs (do agronegócio), LCAs (Letras de Crédito Agrícola) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário).
EM NÚMEROS
Nos segmentos private (investimentos acima de R$ 3 milhões) e varejo, as aplicações com isenção tributária atingiram R$ 976,7 bilhões em junho, alta de 22% em relação ao semestre anterior, segundo dados da Anbima, agência autorreguladora do mercado de capitais.
Essa foi a maior variação percentual entre as principais opções. A pesquisa também considera CDBs (11,8%), ações (8,7%), títulos públicos (17,2%) e outros (17,2%).
O QUE EXPLICA
Além do benefício tributário, a ampliação da oferta de produtos isentos pelos bancos também favoreceu a demanda pela categoria, afirmou Ademir Correa Júnior, presidente do fórum de distribuição da Anbima.
Ele prevê que o início do ciclo de queda da taxa de juros deva ampliar a procura por investimentos em ações no segundo semestre.
**O ‘INFERNO ASTRAL’ DA BUD LIGHT**
A queda das vendas da cerveja americana Bud Light, que deixou de ser a mais comercializada no país, tem outras razões além do boicote de setores conservadores à propaganda com a influenciadora trans Dylan Mulvaney, em abril.
O Financial Times mostra que o setor cervejeiro, que movimenta US$ 115 bilhões nos EUA, passar por mudanças no país.
Entre elas, está a preferência por cervejas artesanais e importadas, além do consistente ganho de mercado de bebidas destiladas.
EM NÚMEROS
A AB InBev, empresa que é dona da Bud Light e tem entre seus principais acionistas o trio de bilionário brasileiros do 3G, disse que suas receitas nos EUA caíram 10,5% no segundo trimestre.
A Heineken, sua maior rival a nível global, disse que o volume de cerveja que vendeu nas Américas caiu 1,5% em relação ao ano passado, devido ao mercado “suave” nos EUA e no México.
Mas as concorrentes locais da Bud Light foram bem no trimestre.
A Molson Coors registrou alta nas vendas de suas marcas Coors Light e Miller Lite, que superaram as da Bud Light em 50%.
Em maio, a mexicana Modelo, fabricada nos EUA pela Constellation Brands, havia tomado o posto da cerveja da AB InBev como a mais vendida.
O executivo-chefe da AB InBev, Michel Doukeris, garantiu a analistas e investidores que o apoio à Bud Light ainda é sólido. Ele citou uma pesquisa com 170 mil consumidores americanos que apontou que 80% tinham uma visão “favorável ou neutra” em relação à marca.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
CONGRESSO NACIONAL
Plano de médio prazo de Lula vê apagão até em Saúde sem mudança em precatórios. Pagamento do passivo ocuparia espaço de R$ 195,65 bi de despesas básicas, como conta de luz e terceirizados.
BANCO CENTRAL
Ala do BC defensora de corte menor nos juros reúne diretores de diferentes perfis. Diogo Guillen, Fernanda Guardado, Renato Dias Gomes e Maurício Moura votaram por redução de 0,25 ponto percentual.
ITAÚ
Lucro do Itaú sobe 14% e alcança R$ 8,7 bilhões no 2º trimestre. Carteira de crédito cresce 6,2% e vai a R$ 1,51 trilhão.
TECNOLOGIA
Neuralink, de Musk, levanta US$ 280 mi em rodada liderada por Founders Fund. Aporte vem meses após aprovação para seu primeiro teste clínico em humanos.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress