RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann, virou alvo de uma série de críticas dentro do órgão de pesquisas.
Servidores reclamam de uma suposta falta de diálogo e de ações recentes cuja autoria é associada à gestão do economista, que assumiu o cargo em agosto de 2023, após indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A Assibge, associação sindical que representa os trabalhadores do instituto, anunciou nesta sexta-feira (20) uma manifestação contra o que chamou de “medidas autoritárias” de Pochmann. O protesto foi agendado para a próxima quinta (26), em frente à sede do IBGE, no Rio de Janeiro.
“O ato exigirá que o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, altere o comportamento autoritário que tem marcado suas ações recentes e estabeleça um real processo de diálogo com os servidores em relação às diversas alterações em curso no instituto”, diz a entidade.
A nota cita recentes mudanças no regime de trabalho do órgão, transferência de funcionários para um prédio do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), no Horto, zona sul do Rio, e criação de uma fundação de apoio de direito privado, a IBGE+.
De acordo com a Assibge, a fundação foi lançada em 12 de julho, mas teve sua criação noticiada na intranet apenas em 9 de setembro “de maneira panfletária e superficial”, sem a divulgação, por exemplo, de seu estatuto, no qual é possível verificar como serão preenchidos os cargos.
“A Assibge vê tal ente com elevada preocupação, especialmente pela ausência de qualquer discussão pretérita interna relevante, e, ao que tudo indica, por uma claudicante avaliação dos riscos ao IBGE. Questionamentos já foram encaminhados à direção”, declarou a entidade na segunda (16).
A associação sindical disse ainda que teve de recorrer ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas para pedir uma cópia do estatuto.
A fundação, segundo a Assibge, poderá obter financiamento por contratos, convênios, acordos de parcerias e outros instrumentos celebrados com o setor público e com a iniciativa privada. Teria como atividades desenvolver atividades de ensino e pesquisa e gerir museu do IBGE, entre outras ações.
Diferentes cartas que apontam insatisfação com a postura de Pochmann também circulam entre funcionários do instituto nas redes sociais.
Uma das manifestações com a assinatura “servidores do IBGE” chega a pedir o fim do mandato do economista e diz que os trabalhadores já não o consideram mais como presidente. A Assibge afirma desconhecer a autoria do texto.
“O que realmente assustou os ibgeanos foi a criação dessa fundação IBGE+, sem nenhuma avaliação do que ela significa, dos riscos que ela significa ou mesmo do potencial que ela significa. Assim, do nada, agora já existe essa fundação”, afirma Wasmália Bivar, que foi presidente do instituto de 2011 a 2016.
A reportagem consultou a assessoria de Pochmann e do IBGE sobre as críticas à gestão do economista. Não houve manifestação até a publicação desta reportagem.
Em declarações públicas, o economista tem dito que o instituto será guiado por processos democráticos em sua gestão. Ele já citou, por exemplo, a elaboração do plano de trabalho deste ano do instituto, que teria levado em consideração sugestões de servidores.
Uma das principais bandeiras de Pochmann no IBGE é a criação do Singed (Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados). A ideia é que o instituto atue como coordenador do sistema, reunindo informações de diferentes bases, como registros administrativos (dados de órgãos públicos).
LEONARDO VIECELI / Folhapress