Sobe associação de Nunes e Boulos a padrinhos Bolsonaro e Lula

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As parcelas do eleitorado que reconhecem Ricardo Nunes (MDB) como o candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL) e Guilherme Boulos (PSOL) como o concorrente recomendado por Lula (PT) cresceram no Datafolha, indicando que a vinculação de ambos aos padrinhos tem se consolidado na capital paulista.

O percentual dos que associam o ex-presidente a Nunes agora é de 44%, acima dos 35% da rodada anterior, na segunda quinzena de agosto. O emedebista formalmente é apoiado por Bolsonaro e tenta evitar a migração de bolsonaristas para Pablo Marçal (PRTB).

A parcela dos que acham que o influenciador é apadrinhado por Bolsonaro se manteve em 19%. Já a taxa dos que pensam que o candidato bolsonarista é José Luiz Datena (PSDB) passou de 6% para 3% entre uma pesquisa e outra. Os que não sabiam eram 31% e agora correspondem a 27%.

No caso de Lula, a informação de que o presidente apoia Boulos hoje é sabida por 70% dos eleitores, um salto em comparação com os 58% da outra pesquisa. Para o deputado do PSOL, o resultado vai na linha da expectativa da campanha, uma vez que ele aposta na aliança com o petista para alavancar sua performance principalmente entre os eleitores de baixa renda. Os que não sabem quem está com Lula são 16% (eram 23%).

Também avançou o percentual de eleitores que ligam Tarcísio de Freitas (Republicanos) a Nunes: eles hoje são 57%, ante os 39% do mês passado. O atual prefeito tem ressaltado a proximidade com o governador e acenado com a continuidade da parceria entre as administrações, caso seja reeleito.

O percentual dos que não sabem quem Tarcísio endossa era de 36% e passou para 29%.

No geral, a pesquisa mostrou estabilidade na influência dos padrinhos. O apoio de Bolsonaro faz 63% dos eleitores rejeitarem um candidato, mesmo patamar da rodada anterior. Já a taxa dos que votariam com certeza em um nome apoiado pelo ex-presidente oscilou de 19% em agosto para 14% agora.

A expressiva rejeição a um candidato de Bolsonaro na cidade é um dos caminhos usados por Boulos para tentar desgastar Nunes e Marçal, tachados por ele como “duas faces da moeda bolsonarista”.

No caso de Lula, o percentual dos que rejeitam votar em um postulante apoiado por ele também se manteve: 48%. O mesmo ocorreu com a fatia dos que seguramente escolheriam um nome avalizado pelo petista, 23% em ambos os levantamentos.

A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (12) ouviu 1.204 pessoas na capital paulista, na terça (10) e na quarta (11), e tem margem de erro de três pontos para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no TSE sob o número SP-07978/2024 e foi contratado pela Folha. O nível de confiança é de 95%.

De acordo com o instituto, Nunes tem 27% das intenções de voto no quadro geral, empatado tecnicamente com Boulos (25%). Marçal (19%) vem na sequência, em empate técnico com Boulos no limite da margem de erro –segundo o Datafolha, há maior probabilidade de o candidato do PSOL estar à frente do influenciador. Mais atrás aparecem Tabata Amaral (PSB), com 8%, e Datena, com 6%.

Nos dados por segmento, a vinculação entre padrinhos e candidatos atinge, como esperado, níveis ainda mais altos entre aqueles que afirmam ter a intenção de votar em Nunes e Boulos.

Dentro do grupo de simpatizantes do prefeito, 47% respondem que ele é o nome apoiado por Bolsonaro e 70% dizem que ele é o candidato de Tarcísio. Ao mesmo tempo, 23% dos eleitores de Marçal acreditam que o ex-presidente está aliado ao influenciador, o que não encontra respaldo na realidade.

Já no segmento que vota em Boulos, 91% afirmam corretamente que o deputado é o nome recomendado por Lula. Entre aqueles que votaram no presidente em 2022, a informação de que Lula apoia Boulos é de conhecimento de 74% (eram 61% na rodada anterior). Uma fatia de 4%, no entanto, crê ser Nunes o nome apontado pelo petista na contenda paulistana.

Embora 40% dos lulistas digam que com certeza votariam em um candidato indicado pelo petista, 40% afirmam que talvez optariam pelo nome sugerido e 16% declaram que não votariam de jeito nenhum nessa pessoa.

Por outro lado, há indícios de que alguns eleitores de Nunes possam ser atraídos por Boulos. Entre os eleitores que declaram voto no prefeito, 16% dizem que o apoio de Lula poderia fazê-los votar em um candidato com certeza e 18% dizem que talvez o fariam, mas 64% rejeitam a ideia por completo.

Entre os que preferiram Bolsonaro na eleição presidencial, 35% afirmam que escolheriam na corrida paulistana um postulante recomendado pelo ex-presidente, 37% consideram que talvez acatariam a sugestão e 22% dizem que não votariam de jeito nenhum.

Ainda dentro do eleitorado de Bolsonaro em 2022, há uma confusão entre Nunes e Marçal. Enquanto 58% afirmam que o prefeito é a opção afiançada pelo ex-presidente, 14% pensam que é, na verdade, Marçal. Há ainda 2% achando que Datena é o representante do ex-mandatário na cidade.

Os eleitores com intenção de votar em Nunes se dividem entre 24% que escolheriam com certeza um candidato apoiado por Bolsonaro, 25% que talvez votariam e 45% que não votariam de jeito nenhum em um nome endossado pelo ex-presidente –acendendo o alerta para eventuais defecções à medida que a vinculação entre o prefeito e o ex-presidente for assimilada pela população.

JOELMIR TAVARES / Folhapress

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