Sobe para 47 o número de mortes pelas chuvas no RS; Porto Alegre tem voos cancelados

PORTO ALEGRE, RS E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de pessoas mortas em decorrência das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul na última semana subiu para 47, de acordo com atualização do boletim da Defesa Civil do estado.

A nova morte foi confirmada no município de Colinas, banhado pelo rio Taquari e que faz fronteira com a cidade de Roca Sales, devastada pelo temporal.

Já o número oficial de pessoas desaparecidas caiu. Após investigação da Polícia Civil que partiu de uma lista de 83 nomes, a maior parte foi localizada e restam nove pessoas desaparecidas. Até a noite de segunda (11), a Defesa Civil contabilizava 46 desaparecidos.

Em entrevista coletiva realizada nesta terça (12) no Centro de Ações de Recuperação montado em Encantado (RS), o vice-governador Gabriel Souza declarou que a lista poderia aumentar novamente conforme as famílias comunicarem as autoridades. De fato, ao longo do dia, mais um nome entrou na lista.

Conforme os novos dados da Defesa Civil, quatro dos desaparecidos são de Muçum, dois de Lajeado, um de Encantado, um de Roca Sales e um de Arroio do Meio.

Oestado registra 925 pessoas feridas e 20.517 fora de casa em decorrência dos problemas causados pela chuva. Ao todo, 98 cidades foram afetadas de alguma maneira.

O governo gaúcho estima em 342 mil o total de afetados pelos temporais. Uma força-tarefa com cerca de 900 servidores atua nas buscas, resgates, identificação de corpos e reparos na infraestrutura.

Os corpos das vítimas estão sendo reconhecidos pelo Instituto Geral de Perícias em Porto Alegre e em cidades do interior. A liberação para os velórios depende de uma normalização mínima na rotina dos municípios afetados, que chegaram a ter mais de 80% de sua área urbana submersa.

Até o final da semana, além dos trabalhos de limpeza e reconstrução, há preocupação com a chuva na fronteira oeste e na metade sul do Rio Grande do Sul. Nessas regiões, o acúmulo de chuva deverá superar 200 milímetros até a sexta-feira. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu alerta vermelho para a região, apontando grande perigo de rajadas de vento. Todo o RS está em alerta laranja para chuvas.

Na região da fronteira, 437 moradores foram retirados de casa. O município mais atingido é o de Alegrete, em que 230 pessoas saíram temporariamente de casa. Os rios Uruguai e Ibirapuitã já estão acima da cota de inundação. Em seis municípios da metade sul, houve suspensão das aulas: Jaguarão, Pedro Osório, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul.

VOOS SÃO CANCELADOS EM PORTO ALEGRE

Em outras regiões, houve vento forte e queda de luz. No aeroporto internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, dez voos não conseguiram aterrissar na noite de segunda em razão do vento. Cinco voos foram cancelados nesta terça.

Pela manhã, a concessionária CEEE Equatorial comunicou queda de energia em 65 mil pontos em diferentes municípios, 13 mil deles em Porto Alegre. Municípios do litoral norte, como Capão da Canoa e Arroio do Sal foram afetados, com 5.000 pontos de queda de energia cada.

DOAÇÕES E FINANCIAMENTOS

Na sexta (8), o governo federal anunciou o repasse, via prefeituras, de R$ 800 por cada desabrigado e o envio de 20 mil cestas básicas.

Na quinta (7), a gestão Lula já havia reconhecido o estado de calamidade pública, conforme solicitado pelos municípios atingidos pelos temporais para simplificar os processos de compras e contratações, e acelerar a resposta à destruição. Segundo a CNM (Confederação Nacional dos Municípios), os prejuízos chegam a R$ 1,3 bilhão.

Em reunião com prefeitos das cidades afetadas, o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou a liberação de R$ 1 bilhão em financiamento por meio do banco estatal Banrisul. Desse total, cerca de R$ 300 milhões serão destinados ao setor agrícola, que segundo o governador foi um dos mais prejudicados pelas enchentes. Outros R$ 500 milhões serão destinados a empréstimos para prefeituras e R$ 100 milhões serão voltados para o financiamento imobiliário.

O plano de reconstrução do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, poderá mudar consideravelmente o mapa dos municípios afetados pela enxurrada da última semana.

A partir de um censo de residências destruídas, o governo gaúcho promete liberação de recursos para a reconstrução, mas não necessariamente na mesma localidade. Ao longo dos próximos meses, o Plano Diretor dessas cidades poderá ser modificado para prevenir novas tragédias.

Cidades que foram varridas pela enxurrada mesmo em suas áreas centrais como Roca Sales e Muçum, poderão ter uma geografia praticamente nova ao final da reconstrução.

CAUE FONSECA E FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress

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