SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Tratado pelo Ministério Público como sócio de uma empresa de ônibus que servia de lavagem de dinheiro para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) Silvio Luiz Ferreira, 46, o Cebola, teria movimentado junto a outros integrantes do grupo criminoso cerca de R$ 1 bilhão em atividades ilícitas num período de um ano e meio.
A movimentação teria ocorrido entre janeiro de 2018 e julho de 2019, conforme o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), da Promotoria.
O dado consta na denúncia elaborada pelo Ministério Público no âmbito da Operação Fim da Linha, que apontou a suspeita de lavagem de dinheiro em duas empresas que operam no sistema de transporte público da cidade: a UPBus, da qual Ferreira seria sócio e que atua na zona leste, e a Transwolff, com foco na zona sul da capital.
Conforme a denúncia, o Ministério Público chegou ao valor de R$ 1 bilhão durante uma outra investigação, iniciada no primeiro semestre de 2019, e que deu início a Operação Sharks, que também tem integrantes do PCC como alvo.
Ao menos uma segunda pessoa com envolvimento na empresa de ônibus teria feito parte do mesmo esquema.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Ferreira. Ele foi o único alvo da operação desencadeada na terça-feira (9) a não ser preso, e é considerado foragido.
A denúncia afirma que Ferreira fazia parte do grupo responsável por gerenciar todo o tráfico de drogas da facção.
“A ascendência de Silvio na organização criminosa resta induvidosa diante dos diálogos monitorados, em que negocia o pagamento de propina a policiais, comercializa entorpecentes em larga escala, além de tratar de assuntos afetos a toda logística da atividade criminosa”, diz trecho do documento.
Em junho de 2012, Ferreira, foi preso em flagrante no endereço que depois seria a sede da UPBus. Pelo caso, ele foi condenado por tráfico.
Ele foi solto em 2014, logo depois foi emitido um novo mandado de prisão –Ferreira nunca foi achado, e é considerado foragido desde então.
Conforme o Ministério Público, durante determinada época, ele chegou a utilizar uma identidade falsa em nome de Rodrigo Augusto de Lima. “Sua condição de procurado, no entanto, não foi empecilho para que continuasse com as atividades ilícitas até os dias atuais, em especial junto PCC”, diz um parágrafo da denúncia.
PAULO EDUARDO DIAS E MARIANA ZYLBERKAN / Folhapress