SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Está em falta, em Sorocaba (SP), o soro oral que é utilizado na hidratação de pacientes que estão com dengue. A Secretaria da Saúde de Sorocaba afirma que o soro oral está em falta em todo o mercado nacional.
À reportagem, a secretaria municipal do município afirmou que, em todas as unidades de atendimento, é realizada a aplicação de soro venoso, quando receitado pelos médicos, e indicado o uso de soro caseiro. A previsão, segundo o órgão, é que ocorra distribuição do soro de hidratação oral em todas as unidades até o final de maio.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirmou que “a compra de insumos básicos, como o soro, é de responsabilidade dos municípios” e que, em fevereiro deste ano, “para auxiliar os municípios no combate à dengue, a SES antecipou o pagamento de R$ 205 milhões do IGM SUS Paulista aos 645 municípios do estado”.
O Laboratório Lifar, que produz o soro oral Fixidrat, afirmou que o “crescimento das vendas foi acelerado de forma exponencial em abril, muito acima do previsto, o que resultou em momentos de falta ao longo deste mês”. O laboratório também informou que está atuando junto ao seu fornecedor para iniciar o mês de maio com os estoques normalizados.
O Natulab, que produz o Hidraplex, afirma que implementou “medidas para ampliar nossa capacidade fabril, através da adição de mais um turno em nossa linha de produção. Essa medida visa atender a demanda existente dentro de dois a três meses”.
Carla Kobayashi, infectologista do hospital Sírio Libanês, entende que “nesse momento mais crítico, vamos ter que partir para uma alternativa, que seria essa de fazer um soro caseiro. Melhor ele do que o paciente não seguir a hidratação adequada”. A infectologista explica que o soro de hidratação oral é indicado para os pacientes do grupo A e B, que fazem o tratamento ambulatorial, sem a internação.
Segundo Kobayashi, principalmente nos primeiros dias da dengue, é indicada uma hidratação com um volume específico de líquidos, que é calculado a partir do peso do paciente: 60 ml/kg por dia. “Só que esse total de líquidos por dia tem que ser dividido em um terço de líquido com sais de reidratação oral e os outros dois terços com outros líquidos”, explica a médica.
Além de hemoglobina e plaquetas, o sangue é composto por eletrólitos como sódio, potássio e cloreto. Quando a hidratação é feita somente com outros líquidos, “talvez o paciente não tenha uma concentração de eletrólitos adequada para recuperação. A ideia desse soro de reidratação é que ele tenha concentrações específicas desses eletrólitos”, conta Kobayashi.
Segundo a infectologista, a reidratação também pode ser feita com o soro caseiro, “a única questão é que essa medida acaba sendo mais imprecisa em casa”. Segundo o Ministério da Saúde, para preparar um soro caseiro é necessário misturar em um litro de água mineral uma colher pequena (tipo cafezinho) de sal e uma colher grande (tipo sopa) de açúcar. Misture bem e ofereça o dia inteiro ao doente em pequenas colheradas.
Alguns dos sinais de alarme para dengue são: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas, queda de pressão arterial, aumento do tamanho do fígado, letargia ou irritabilidade, acúmulo de líquidos em cavidades corporais (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico), aumento progressivo do hematócrito e hipotensão postural (tontura ao levantar).
Artigo recente publicado pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz analisa os óbitos por dengue e aponta ainda que a desassistência e a desatenção ao potencial agravamento que os pacientes podem apresentar são as principais razões associadas às mortes por dengue.
JULIANA MATIAS / Folhapress