SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quem a vê por mais de uma hora em cima de um pequeno elevado botando pressão nos participantes e, às vezes, portando notícias ruins para eles nem imagina que Ana Paula Padrão se considera atualmente uma jornalista e entrevistadora melhor do que era antes de apresentar o MasterChef.
“Hoje eu me envolvo nas histórias e me permito emocionar. Antes, eu era muito boa para arrancar de alguém alguma frase para o telejornal, mas não me envolvia”, diz em entrevista à reportagem. “Hoje me emociono. Me sinto mais capaz de entrevistar alguém de uma maneira que as pessoas a amem ou odeiem, mas porque eu fiz com que ela seja essa pessoa.”
A apresentadora se define como um “veículo de emoção”, já que tenta transmitir, através da tela, mais realidade ao espectador. Entender foi fácil, mas mudar a chavinha levou tempo. Foi somente após dois anos apresentando a competição culinária que ela avalia que conseguiu deixar a rigidez do jornalismo de lado.
A 11ª edição começa na terça-feira (28), às 22h30, na Band, com o prêmio recorde de R$ 350 mil. Por vezes, os fãs do reality se perguntam se a apresentadora experimenta os pratos. Ela garante que sim e afirma que seu trabalho também passa por entender qual dos cozinheiros tem mais chances de sair com base no que entregam.
A jornalista explica que a pausa exibida na televisão após o fatídico “para tudo” serve para limpar as bancadas, mas também para reunir ela, a direção do programa e os chefs Helena Rizzo, Henrique Fogaça e Erick Jacquin na primeira vez que eles experimentam o prato.
Ao estudar os perfis e provar a comida, ela vai juntando peças sobre cada cozinheiro e consegue entender se eles estão bem ou mal na competição. “É também uma hora que os chefs preenchem uma planilha com nota, de acordo com vários critérios. É a bíblia do programa.”
A jornalista ri quando questionada se já cozinhou para o trio de jurados do programa. Segundo ela, nem sob tortura ou à beira da morte os receberia para um jantar em casa. “Ganhei três ótimos consultores, mas quero que eles julguem aqui. Nunca entraria nessa competição.”
Sobre a competição, ela revela ainda uma curiosidade: uma das etapas de seleção é a dos testes psicológicos. “Muita gente vai embora nessa fase porque eles vão mexer com faca, fogo, tem que ser pessoas que não tenham uma síndrome qualquer, minimamente centradas. Precisamos do relatório de um psicólogo para saber disso”, conta.
ANTES E DEPOIS
Antes do programa, Ana Paula trabalhou por quase 30 anos em hard news (jargão jornalístico para designar fatos e acontecimentos relevantes para a vida política, econômica e cotidiana). Tem em seu currículo passagens por algumas das maiores bancadas da televisão brasileira, como as do Jornal da Globo, Jornal da Record e SBT Brasil.
Nos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, coordenados pelo grupo fundamentalista islâmico Al-Qaeda contra os Estados Unidos, ela ficou horas no ar ao vivo na Globo. “Amei profundamente o jornalismo, mas teve um momento em que eu não queria ter esse horário marcado para estresse, não conseguia mais colocar 100% da minha energia naquilo, não queria mais trabalhar em feriado”, afirma.
MARIA PAULA GIACOMELLI / Folhapress