PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – “O mundo inteiro estava contra mim. Numa campanha feroz contra mim. Esta é a resposta, o ouro olímpico. Sou uma mulher forte, uma mulher com uma força especial. Graças a Deus, hoje esta é a resposta.”
Imane Khelif, que teve sua elegibilidade para o torneio olímpico de boxe questionada por dirigentes, afirmou nesta sexta-feira (9), após ganhar o ouro na categoria até 66 kg, que sua conquista é uma resposta de Deus para os detratores.
Segundo Khelif, que recebeu o apoio de uma Philippe Chatrier lotada de torcedores argelinos, os ataques que sofreu devido à polêmica provocada por dirigentes da IBA (Associação Internacional de Boxe) sobre seu gênero, foram uma forma de bullying. “Ele feriram o espírito olímpico, e as redes sociais falaram muitas coisas ruins. A minha honra foi restabelecida agora.”
Khelif diz que a entidade, banida do esporte em junho pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), conhece seu trabalho desde 2018. “Não entendo a razão de terem feito isso. Eles me odeiam”, declarou.
“Ficaram discutindo se sou ou não sou mulher. Digo agora, com a medalha, que sou uma mulher, uma mulher forte, como todas as mulheres, em busca do sucesso. Após oito anos de muito dedicação, eu consegui”, disse a pugilista, que recebeu uma ligação do presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, logo após a conquista. “Eu o conheci no Dia da Mulher na Argélia. Ele me apoiou e disse que me daria tudo o que precisasse para vencer.”
Khelif bateu a chinesa Yang Liu com facilidade na última rodada do boxe olímpico em Paris-2024. No último round, achou tempo até de bailar no ringue, tamanho o seu domínio no combate, aclamado por decisão unânime dos árbitros. “Foi uma medalha de prata difícil de ganhar”, disse Yang ao lado da campeã.
“Há oito anos que sonho com as Olimpíadas. Louvado seja Deus, hoje ele me abençoou com um jardim dourado.”
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE / Folhapress