SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A tempestade registrada no estado de São Paulo na tarde desta sexta-feira (3) deixou 3,7 milhões de clientes sem luz. Após 24 horas sem energia, o fornecimento havia sido normalizado para 1,7 milhões (46%) deles, e mais de 2 milhões ainda seguiam sem energia. Seis pessoas morreram.
Os dados da falta de energia constam de um relatório divulgado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), às 16h deste sábado (4). A Enel é a concessionária que concentrava o maior número de clientes sem energia.
Ao todo, segundo a agência, a companhia teve 1,7 milhão de clientes sem luz e apenas 200 mil tiveram a energia restabelecida 1,5 milhões ainda seguiam no escuro. A previsão da empresa é que a situação seja completamente normalizada apenas na próxima terça (7).
Os dados divulgados pela Enel, no entanto, divergem do boletim da Aneel. A concessionária informa que 2,1 milhões tiveram energia interrompida e 550 mil já foram restabelecidos nem a agência nacional, nem a empresa prestadora do serviço souberam explicar a discrepância nos dados.
A Enel, responsável pela distribuição de energia na capital e em mais 23 municípios da região metropolitana, atende 8 milhões de unidades consumidoras nessa área, entre as quais residências e estabelecimentos, como hospitais e escolas.
A empresa classificou o quadro como excepcional e disse que desde 1995 não era observado um evento dessa magnitude. Na tempestade, houve registro de rajadas de vento de mais de 100 quilômetros por hora. Ao menos seis pessoas morreram na capital e em cidades da Grande São Paulo (Osasco e Santo André) e do interior (Suzano e Limeira).
De acordo com Vincenzo Ruotolo, diretor de distribuição da empresa, as regiões sul e oeste da concessão foram as mais impactadas.
A prioridade será o restabelecimento de energia em hospitais e outros serviços de saúde, além de 84 escolas onde será realizada a prova do Enem neste domingo (5).
Além da Enel, o estado de São Paulo também possui outras fornecedoras de energia, que também foram afetadas. Entre elas estão a CPFL, Elektro, EDP SP e ESS.
Questionado, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que o município atua com a Enel para que a realização do exame não seja afetada.
“Eu estou 100% seguro, porque eles [Enel] me garantiram. Faltavam 30 geradores, a gente já ligou para um fornecedor para ajudar nesse atendimento”, disse Nunes durante visita ao centro de operações da concessionária neste sábado.
A empresa ainda não dispõe de diagnóstico completo do impacto da ventania e de estragos na rede de distribuição, que em muitas localidades terá que ser reconstruída. “Estamos falando tanto de reparos quanto de construir a rede. Postes de concreto e aço foram quebrados”, explicou Ruotolo.
Clientes serão informados por telefone e pelos canais digitais da Enel quando houver previsão de religação da energia. Aqueles que sofrerem prejuízos materiais poderão abrir pedido de indenização por meio do aplicativo da empresa.
A concessionária disse que está mobilizando equipes do Rio de Janeiro para atuar no restabelecimento do serviço em São Paulo duas linhas de alta tensão ainda precisam ser recuperadas. A ideia é ampliar de 600 para 1.800 o número de agentes em campo.
Ao todo, a capital registrou cerca de 1.400 ocorrências de quedas de árvores, de acordo com a prefeitura. “Para a gente ter uma ideia do que aconteceu, só no parque do Ibirapuera caíram 128 árvores. Foi um evento extraordinário e estamos aqui trabalhando muito para restabelecermos o quanto antes”, disse Nunes. Neste sábado, ainda há 105 postes de iluminação pública sem energia e 267 semáforos apagados na cidade.
Segundo o prefeito, a administração municipal aumentou de 270 para 1.470 o número de profissionais atuando na poda de árvores na cidade. As equipes de limpeza também foram ampliadas emergencialmente, passando de 500 para 1.900 profissionais neste sábado.
Outro serviço afetado pela tempestade foi o fornecimento de água. Houve interrupção no abastecimento em diversos pontos da capital e de outras cidades da região metropolitana.
A Sabesp, responsável pela operação, pediu que a população reduza o consumo até que tudo seja normalizado. Em locais críticos, a empresa disse que seriam utilizados caminhões-tanque.
LEONARDO ZVARICK, ROGÉRIO PAGNAN E ISABELLA MENON / Folhapress