SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os registros de crimes de estupro nos primeiros seis meses do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) são os maiores da série histórica em São Paulo, iniciada em 2001. As informações foram divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública divulgados na tarde desta terça (25). Isso significa que, no primeiro semestre, foram ao menos 38 casos por dia.
No estado, foram 7.089 casos registrados, uma alta de 15,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já na capital paulista 1.507 estupros notificados nos primeiros seis meses de 2023, um crescimento de 26% na comparação com 2022.
Com isso, as notificações de estupro superam os números registradas em 2019, ano anterior à pandemia de Covid-19. Os indicadores tiveram queda em 2020, e voltaram a crescer desde então.
O recorde anterior de registros de estupro no estado tinha acontecido no primeiro semestre de 2013, com 6.529 casos.
As ocorrências de furtos também cresceram em São Paulo, com 286.673 casos no primeiro semestre deste ano, uma alta de 2,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Na capital, a alta foi maior, de 6,9%.
Por outro lado, o número de vítimas de homicídios doloso no estado caiu 4,5% no semestre, assim como o de latrocínio (-5,9%) e o de ocorrências de roubo (-3,1%).
Na capital, as vítimas de homicídio passaram de 260 a 266, com alta de 2,3%. As vítimas de latrocínio caíram de 30 para 22 (-26,7%). Já os roubos e furtos de veículo cresceram, respectivamente, 2,6% e 3,4% na soma de janeiro a junho de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Em nota, a gestão Tarcísio, por meio da SSP, diz que o aumento nos indicadores de estupro era esperado. “A alta nos números é esperada, já que o crime é um dos mais subnotificados do país, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.”
A pasta afirmou ainda que investe em políticas para o combate de violência contra a mulher. ” O estado possui uma estrutura que permite que as mulheres registrem esses crimes por meio da internet 24h por dia, além de 140 Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) e 77 salas, anexadas nos plantões policiais, em que as vítimas são atendidas por videoconferência, interagindo com a equipe da DDM Online.”
Na semana passada, dados do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelaram que o Brasil teve, em 2022, o maior número de registros de estupros da história. Ao todo, foram 74.930 vítimas, uma média de 205 estupros por dia, o que representa um aumento de 8,2% na comparação com 2021. A taxa é de 36,9 casos para cada 100 mil habitantes.
Para Mayra Pinheiro, pesquisadora do Instituto Sou da Paz, o estado precisa reunir esforços para enfrentar o problema desde a prevenção. “Apesar de haver um aumento na visibilidade do tema que pode influenciar o número de notificações, essa explicação não é suficiente para que convivamos com números tão alarmantes.”
“É necessária a articulação com outras pastas para que se entenda e debata práticas de prevenção e identificação da violência sexual, considerando principalmente a alta proporção de crianças e mulheres vitimadas”, afirmou Pinheiro.
Segundo a SSP, 23.060 veículos roubados no estado foram devolvidos aos donos no primeiro semestre deste ano, 12,5% a mais do que no mesmo período do ano passado. Ainda, foram apreendidas 5.620 armas de fogo em todo o estado. A quantidade é 11,1% maior do que o mesmo período do ano passado.
A pasta afirma que reforçou o combate a crimes patrimoniais com a Operação Impacto, que reforçou o policiamento ostensivo com 17 mil agentes a mais por dia no estado.
LUCAS LACERDA / Folhapress