Starmer fala em condenação rápida a envolvidos em atos violentos anti-imigração

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou nesta segunda-feira (5) que haverá “condenações rápidas” aos envolvidos nos violentos distúrbios dos últimos dias no Reino Unido.

Após uma reunião de emergência com seu gabinete, o líder trabalhista disse à imprensa que sua prioridade absoluta será pôr fim aos atos e que “as sanções criminais serão rápidas”.

Grupos de extrema direita na Inglaterra mantêm protestos violentos contra muçulmanos e imigrantes, iniciados depois do assassinato de três crianças em Southport, a 30 km de Liverpool, na semana passada. No domingo (4), mais de cem pessoas foram presas.

Trata-se de um dos piores distúrbios no Reino Unidos na última década. Integrantes de grupos radicais saquearam e atacaram mesquitas em regiões como Bristol, Manchester e Blackpool, na Inglaterra, e Belfast, na Irlanda do Norte, resultando em confrontos com a polícia.

Em Liverpool, as tensões se intensificaram após cerca de mil manifestantes anti-imigração, alguns dos quais gritavam insultos islamofóbicos, entrarem em choque com ativistas contrários ao protesto.

Boatos na internet sobre a identidade do suspeito do ataque contra as meninas que estavam em uma escola de dança, difundidos por supostos influenciadores de extrema direita, diziam que o jovem de 17 anos era muçulmano, o que não se comprovou.

Starmer adotou uma postura dura contra aqueles que chamou de “bandidos de extrema direita”. No domingo à tarde, o primeiro-ministro foi à televisão para dizer que os envolvidos se arrependerão de suas ações.

Deputados de todo o espectro político o instaram a convocar o Parlamento, atualmente em recesso, incluindo a ex-ministra do Interior ultraconservadora Priti Patel e o líder ultranacionalista do Reform UK, Nigel Farage, conhecido por suas posições anti-imigração.

A secretária do Interior, Yvette Cooper, condenou a violência e afirmou que a “desordem criminal e violência de bandidos” serão responsabilizados. “As comunidades devem se sentir seguras”, disse.

Starmer seguiu na mesma linha. “Não toleraremos tentativas de semear ódio e dividir nossas comunidades.” “Não vou fugir de chamar isso do que é, bandidagem de extrema direita”, afirmou. “Se você ataca uma pessoa por causa da cor da pele, religião, isso é extrema direita.”

Desde o ataque em Southport, ocorrido no último dia 29, os distúrbios e os confrontos entre integrantes desses grupos radicais e a polícia se multiplicaram em várias cidades britânicas.

No domingo, esses atos resultaram em ataques a dois hotéis que abrigavam solicitantes de asilo. Em Rotherham, no norte da Inglaterra, centenas de pessoas quebraram janelas, provocaram incêndios e lançaram projéteis contra agentes, aos gritos de “Expulsem-nos”, em referência aos imigrantes.

Em Tamworth, perto de Birmingham, no centro do país, a polícia disse ter intervindo perto de um hotel que foi atacado por um “grande grupo de indivíduos”.

O Reino Unido não vivia uma onda de violência desse tipo desde 2011, após a morte de um jovem mestiço, Mark Duggan, pelas mãos da polícia no norte de Londres.

Segundo a imprensa britânica, mais de 400 pessoas já foram detidas na última semana.

A polícia responsabilizou em particular a English Defense League (liga de defesa inglesa, em tradução livre), um grupo de extrema direita criado há 15 anos, cujas ações contra a imigração são marcadas por excessos.

Em maio, mais de 10 mil migrantes chegaram ao Reino Unido após cruzarem o Canal da Mancha desde o início do ano, um recorde batido em plena campanha para as eleições legislativas, que ocorreriam em 4 de julho. Com isso, a imigração ilegal se tornou um dos principais temas na campanha.

Naquela época, autoridades policiais do Reino Unido começaram a deter migrantes em situação irregular para enviá-los a Ruanda, na África, uma medida que pretendia preparar o terreno para o início da política de imigração prioritária do então primeiro-ministro conservador Rishi Sunak. A medida foi suspensa por Starmer, que assumiu há um mês.

De acordo com a Reuters, dados oficiais divulgados em julho mostraram que a imigração recorde fez a população da Inglaterra e do País de Gales aumentar em 610 mil, alcançando 60,9 milhões em 2023, o maior crescimento anual em 75 anos.

Redação / Folhapress

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