SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Entenda o que é workcation, modelo que concilia o trabalho em locais para passar férias. Após Barbie se tornar a maior estreia no ano e aparecer em tudo quanto é lugar, até quando a onda cor de rosa deve durar?
O que mais importa: a disputa entre os fundadores do Kabum! com sua compradora Magalu e o intermediador Itaú BBA, e conheça duas startups que simulam tarefas corporativas para preparar profissionais ao mercado de trabalho.
STARTUPS DA SEMANA: APPRENTY E STUDYWISE
O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente. Nesta edição, duas edtechs (startups de educação) são destacadas.
As startups:
A apprenty é uma empresa de ensino técnico fundada no ano passado que capacita trabalhadores com tarefas reais da economia digital, conectando-os às empresas.
A Studywise foi fundada há três meses dentro do programa da gestora Antler. Ela também oferece uma metodologia prática, mas é voltada para que desenvolvedores de software evoluam em suas carreiras.
Em números:
A apprenty anunciou ter levantado R$ 8 milhões em uma rodada pré-seed (entenda aqui as etapas de investimento em startups).
A Studywise captou US$ 150 mil (R$ 708 mil), também na fase pré-seed. Com o aporte, foi avaliada em US$ 1,5 milhão (R$ 7,08 milhões).
Quem investiu:
Na apprenty, a rodada foi liderada pela Canary e teve participação de Positive Ventures, Potencia Ventures e Latitud Ventures, além de investidores-anjo.
A investidora da Studywise foi a Antler, gestora de Singapura que chegou ao Brasil no ano passado com um programa de residência, em que seleciona empreendedores que podem ter suas startups investidas ao final das dez semanas.
Que problemas elas resolvem:
A apprenty aposta no ensino técnico e profissional, sem custo para o estudante. A ideia é prepará-lo para áreas como marketing, vendas e operações, com a simulação do ambiente de trabalho. As empresas podem contratá-lo como jovem aprendiz ou estagiário.
A Studywise foca em desenvolvedores que querem “passar de fase” na carreira. Para isso, usa desafios simulados e também projetos reais. A remuneração vem das assinaturas dos profissionais, de empresas que querem capacitar empregados e companhias que desejam propor um projeto.
Por que são destaques? Apesar de terem público-alvo distintos, as duas empresas buscam atacar um gargalo persistente do setor no país: a escassez de mão de obra qualificada.
A apprenty quer capacitar e inserir mais de mil jovens no mercado de trabalho até o fim de 2024, enquanto a Studywise diz ter quase mil usuários cadastrados em sua plataforma.
**’WORKCATION’ VIRA TENDÊNCIA**
Poder viajar para encontrar a família ou os amigos durante o verão, mas sem gastar os valiosos dias de férias. Essa é a ideia do “workcation” (fusão das palavras “trabalho” e “férias”, em inglês),
Como mostra o jornal britânico Financial Times, o costume pegou entre os trabalhadores dos países do hemisfério Norte onde o verão é agora, no meio do ano.
Entenda: o benefício é visto como um meio-termo na disputa entre empregadores e trabalhadores pela volta ao trabalho presencial.
Apesar de as empresas não restringirem o benefício aos meses do verão, a maioria dos trabalhadores opta por trabalhar de longe nesse período por causa das férias escolares ou para poder curtir a praia no verão escaldante que pega por lá.
Entre as grandes empresas que adotam o modelo de “trabalhe de qualquer lugar” por algumas semanas estão Alphabet (dona do Google), Citibank, American Express, Visa e Mastercard.
Em números: 88% dos profissionais que procuraram emprego em junho tinham preferência por empresas que oferecem o benefício de “trabalhe de qualquer lugar”, segundo a plataforma americana Flexa, de pesquisa de emprego. Em abril, eram 80%.
Como a tendência é recente, ainda não há estudos sobre a produtividade de trabalhadores ou empresas nesse sistema.
Os obstáculos: os trabalhadores devem se certificar de que os lugares onde vão passar suas “workcations” têm uma estrutura necessária para o home office, como um espaço adequado e um bom wi-fi algo que nem sempre é garantia em destinos paradisíacos.
Mais sobre mercado de trabalho:
Na onda ESG, empresas criam cargos de diretor de felicidade e líder do amor.
Escritórios vazios em NY equivalem a 26 prédios como o Empire State Building.
**’ONDA ROSA’ DURA ATÉ QUANDO?**
Melhor estreia do ano nos cinemas, estoques de produtos ligados à boneca esgotados, tema de campanhas no metrô e no Detran. Até onde o hype gerado pelo filme “Barbie” pode ir?
Para especialistas em marketing ouvidos pela Folha de S.Paulo, a associação indiscriminada com a Barbie pode surtir efeitos adversos, e é preciso saber quando entrar e quando sair da onda.
As conquistas do filme nas telas
Faturamento de US$ 528,6 milhões na primeira semana nos cinemas US$237,2 milhões nos EUA e US$291,4 milhões em outros países;
A terceira maior estreia da história do cinema brasileiro, com 7 milhões de espectadores entre 20 e 28 de julho.
E fora delas:
Alta procura por itens ligados à boneca da Mattel em grandes marcas internacionais, como Zara, Gap e Crocs;
No Brasil, ela estampou tamancos Melissa, chinelos Ipanema, roupas e acessórios de C&A, Renner e Riachuelo, esmaltes O.P.I (Wella), escova dental Condor, malas Luxcel, biscoitos da Biscoitê e um combo de sanduíche e milk shake do Burger King.
Nas 120 mil lojistas virtuais de pequeno e médio porte atendidas pela plataforma Nuvemshop, a venda de itens classificados como “rosa” cresceu 40% entre 1º e 27 de julho, em comparação ao mesmo período do ano passado.
Em baixa: de acordo com o Google Trends, que mede o interesse por determinado assunto conforme as pesquisas, o auge da febre pelo mundo rosa da Barbie já passou.
No dia 21, após a estreia do filme, o assunto atingiu índice 100 (o máximo) em buscas, tanto no Brasil quanto no mundo.
Desde então, vem caindo, até atingir índice 43 no mundo e 25 no Brasil.
KABUM! X MAGALU
Os irmãos Leandro e Thiago Ramos, fundadores do Kabum!, querem desfazer a venda da empresa para o Magazine Luiza, anunciada em 2021 como o maior negócio da história da varejista, por R$ 1 bilhão.
Eles começaram a questionar o negócio em fevereiro deste ano. Em abril, foram demitidos da presidência do Kabum! pelo Magalu.
O que eles acusam: os fundadores dizem que, além do R$ 1 bilhão em dinheiro, o Magalu prometeu pagar mais R$ 2,5 bilhões em ações da varejista.
Só que os papéis se desvalorizaram desde então, fazendo com que o negócio saísse hoje pela metade do preço, R$ 1,7 bilhão, alegam os irmãos Ramos.
Eles querem que o negócio seja desfeito ou que a varejista complete o valor acordado, de R$ 3,5 bilhões.
Há ainda outro questionamento dos antigos donos do Kabum!, que envolve o Itaú BBA. O banco os assessorou no processo da venda e, ao mesmo tempo, foi chamado pelo Magalu para coordenar a operação de follow-on na época, que levantou R$ 4 bilhões.
Os irmãos acusam o banco de investimento de conflito de interesses e alegam que houve sondagens de empresas como Americanas e Havan, mas as conversas não evoluíram, porque acabaram sendo direcionadas pelo Itaú BBA para o Magalu.
Eles ainda afirmam que os executivos do banco e da varejista tinham relações pessoais, ao citar que o diretor do Itaú BBA Ubiratan dos Santos Machado é concunhado de Fred Trajano, CEO do Magalu.
O que dizem os envolvidos: o Itaú BBA nega as acusações e diz que o “processo foi competitivo, diligente e transparente” e que “todas as acusações imputadas ao banco são absolutamente inverídicas”.
O banco afirma também que os antigos acionistas do Kabum! sempre estiveram à frente das negociações e tomaram todas as decisões ao longo do processo.
Procurado, o Magalu não respondeu.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress