SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mais de 200 músicos de prestígio assinaram uma carta aberta pedindo proteção contra o que chamaram de uso predatório da inteligência artificial (IA). A lista inclui nomes como Stevie Wonder, Billie Eilish, Pearl Jam, R.E.M., J Balvin, Katy Perry, Sam Smith e Jon Bon Jovi, além dos herdeiros de Frank Sinatra e Bob Marley, entre outros.
Eles pedem que “desenvolvedores de inteligência artificial, companhias de tecnologia, plataformas e serviços digitais de música parem de usar a inteligência artificial para infringir e desvalorizar os direitos dos artistas humanos”. Os músicos dizem que a IA está sendo empregada para “sabotar a criatividade humana e enfraquecer artistas, compositores e músicos”.
A carta foi apresentada pelo grupo de advogados Artist Rights Alliance (ARA). Alguns artistas brasileiros também aparecem entre os signatários, entre eles Mumuzinho, Lauana Prado, Felipe Araújo e Carol Biazin.
“Esse ataque à criatividade humana deve ser parado”, diz o texto. “Devemos nos proteger contra o uso predatório da IA para roubar as vozes e os estilos dos artistas profissionais, violar os direitos dos criadores e destruir o ecossistema musical.”
O grupo de músicos não se coloca contra a IA, e a carta diz que a ferramenta tem enorme potencial para avançar a criatividade humana. Mas afirma também que o uso irresponsável da tecnologia significa uma “ameaça enorme” à “nossa habilidade de proteger nossas privacidade, identidades, músicas e meios de subsistência”.
“Algumas das maiores e mais poderosas companhias estão, sem permissão, usando nosso trabalho para treinar modelos de IA”, diz a carta. “Esses esforços visam diretamente substituir o trabalho de artistas humanos com enormes quantidades de sons e imagens criados por IA, que substancialmente diluem substancialmente os conjuntos de royalties que são pagos aos artistas.”
A divulgação da carta vem num momento em que a indústria do entretenimento tem ficado cada vez mais preocupada com o que o uso da IA pode representar para os artistas. As discussões sobre a tecnologia estiveram no centro das reivindicações das greves de roteiristas e atores nos Estados Unidos, no ano passado.
Na semana passada, diz o Guardian, a empresa OpenAI, do ChatGPT, atrasou o lançamento de um programa que consegue imitar vozes porque ficou preocupada com o uso responsável da ferramenta. Em março, o Tennessee se tornou o primeiro estado americano a aprovar uma lei para proteger músicos de terem seu estilo de canto gerado por IA e ser usado comercialmente.
Redação / Folhapress